Estereótipos em Harvard
Eu tenho dito que hoje em dia a maioria das pessoas adota estereótipos mais favoráveis às mulheres que aos homens. Nem sempre foi assim. Até por volta da década de 1960, a psicologia (bem como a sociedade) tendia a ver os homens como a norma e as mulheres como uma versão ligeiramente inferior. Durante a década de 1970, houve um breve período no qual se disse que não havia real diferença, apenas estereótipos. Só por volta da década de 1980 que a visão dominante foi de mulheres sendo melhores e homens sendo a versão inferior.
A coisa surpreendente para mim é que levou pouco mais de uma década para se ir de uma visão até a sua oposta, a saber, de pensar que os homens são melhores que as mulheres do que pensar que as mulheres são melhores que os homens. Como isto foi possível?
Estou certo que vocês estão esperando que eu fale sobre Larry Summers em algum momento, então vamos logo com isso! Vocês lembram que ele era presidente de Harvard. Como sumarizado no The Economist, "Sr. Summers injuriou a instituição feminista ao questionar em voz alta se o pré-julgamento sozinho poderia explicar a falta de mulheres no topo da ciência". Após inicialmente dizer que é possível que talvez não existam tantas professoras de Física em Harvard porque não há muitas mulheres com esta habilidade inata, apenas uma possível explicação entre outras, ele teve que se desculpar, se retratar, prometer altas somas de dinheiro, e pouco tempo depois ele renunciou.
Qual foi seu crime? Ninguém o acusou realmente de discriminação contra mulheres. Sua imoralidade foi pensar coisas que não são permitidas pensar, a saber, que possam existir mais homens com grande habilidade. A única explicação permissível para a falta de mulheres no topo é o patriarcadao - que homens estão conspirando para manter as mulheres inferiores. Não pode ser habilidade. Na realidade, há alguma evidência que homens são um pouco melhores em Matemática, mas vamos assumir que Summers estava falando de inteligência em geral. Pessoas podem apontar para montanhas de dados apontando que o QI médio de homens adultos é o mesmo que o das mulheres. Então sugerir que homens são mais espertos que mulheres está errado. Não é de se espantar que algumas mulheres se ofenderam.
Mas não foi isso o que ele disse. Ele disse que há mais homens nos níveis mais altos de habilidade. Isto poderia ainda ser verdadeiro apesar da média ser a mesma - se existirem também mais homens nos níveis mais baixos da distribuição, mais homens seriamente estúpidos que mulheres. Durante a controvérsia acerca destas notas, eu não vejo ninguém levantar questionamentos, mas os dados estão aí, realmente abundantes, e são indisputáveis. Existem mais homens que mulheres com QIs realmente baixos. De fato, o padrão do retardo mental é o mesmo do gênio, a saber, que quanto mais se vai do moderado para o médio e para o extremo, a preponderância dos homens aumenta.
Todos aqueles garotos retardados não são fruto das obras do patriarcado. Homens não estão conspirando entre si para fazer os seus filhos serem retardados.
Quase certamente, é algo biológico e genético. E meu palpite é que a maior proporção de homens em ambos os extremos da distribuição de QI é parte do mesmo padrão. A natureza joga dados com os homens mais do que com as mulheres. Homens vão a extremos mais que mulheres. Isto é verdade não somente com QI mas com outras coisas também, até mesmo altura: a distribuição masculina de altura é mais plana, com mais homens muito altos e muito baixos.
Mais uma vez, existe uma razão para isso, para a qual eu logo retornarei.
Por ora, o ponto é que isto explica como podemos ter estereótipos opostos. Homens vão a extremos mais que mulheres. Estereótipos são sustentados por viés de confirmação. Quer pensar que homens são melhores que mulheres? Então olhe para o topo, [homens] heróis, inventores, filantropos, entre outros. Quer pensar que mulheres são melhores? Então olhe para baixo, [homens] criminosos, drogados, fracassados.
Em um sentido importante, homens são de fato melhores e também piores que mulheres.
Um padrão de mais homens em ambos os extremos pode criar toda sorte de conclusões enganosas e outros desastres estatísticos. Para ilustrar, vamos assumir que homens e mulheres são em média exatamente iguais em todos os aspectos relevantes, mas com mais homens em ambos os extremos. Se você então medir as coisas que são ligadas a um dos extremos, isto bagunça os dados para fazer parecer que homens e mulheres serem significativamente diferentes.
Considere a pontuação média na faculdade. Graças à inflação de classes, a maior parte dos estudantes consegue notas A e B, mas poucos vão até o limite do F. Com este tipo de limite inferior baixo, os homens de maior desempenho não conseguem elevar a média dos homens, mas os homens fracassados a derrubarão. O resultado será que mulheres conseguirão maiores médias que homens - novamente, apesar de não haver diferença na qualidade média do trabalho.
O resultado oposto vem com os salários. Existe um salário mínimo, mas não um máximo. Portanto, os homens de maior desempenho podem elevar a média enquanto os de menor desempenho não podem derrubá-la. Resultado? Homens obterão médias salariais maiores que mulheres, mesmo se não houver diferença na média em qualquer entrada de dados relevante.
Hoje em dia, com toda certeza, mulheres conseguem notas maiores mas salários menores que os homens. Existe muita discussão sobre o que isso significa e o que deve ser feito acerca disso. Porém, como vocês podem ver, ambos os fatos podem ser meramente uma estranheza estatística que se hasteia a partir dos extremos masculinos.
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