quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

"Filhotes do Califado Chacinados" por Mark Dent

Filhotes do Califado Chacinados



Lá pelos anos 1960, tinha uma série de televisão chamada The Invaders (Os Invasores), estrelando um personagem de Roy Thinnes. Quando eu era um garotinho, amava esse programa. A premissa básica da série era que a terra tinha sido invadida e os aliens viviam entre nós, planejando e preparando sua eventual conquista de nosso planeta.

O personagem de Roy Thinnes ficou sabendo da invasão quando se perdeu dirigindo por uma zona rural desconhecida e cruzou com uma nave alienígena, no fundo da floresta. À medida em que a série prossegue, David Vincent (o personagem interpretado por Thinnes) é capaz de identificar os alienígenas entre nós observando o dedo mindinho da mão esquerda. Ele é levemente deformado em razão de um erro quando eles tomam forma humana.

Toda semana, David tentava convencer os oficiais céticos do governo, os agentes da lei ou qualquer um que o ouvisse falar que a invasão era real e que os aliens estavam entre nós. Dá para imaginar a reação que tais afirmações gerava naqueles que ele alertava.

Eu contei para Maggie (minha magnífica esposa) que eu me sentia às vezes como David Vincent quando tentava explicar minha postura sobre direitos dos homens para um amigo ou conhecido.

Eles me olham com uma expressão cínica e cautelosa em suas faces, mesmo quando eu lhes apresento fatos irrefutáveis sobre as questões que confrontam os homens. O que para mim parece apenas falar o óbvio ululante, parece ser algo inteiramente escondido ou inexistente nos olhares de muitos de meus amigos.

A noção de descartabilidade masculina é um daqueles aliens invisíveis que vemos claramente todo dia. Hoje meus olhos passaram por uma manchete, "Filhotes do Califado Mortos em Centenas".

Continuei lendo.
Mais de 300 crianças soldados do Estado Islâmico - apelidados "filhotes do califado" - foram trucidados em Mosul, após terem sido enviados em batalha pelo grupo terrorista, como reportado por um grupo de direitos humanos.
E segue:
Em um último ato de desespero, reminiscente dos últimos dias dos Nazi, eles implantaram sua brigada de crianças soldados.
Tem uma foto de colunas e colunas de meninos jovens alinhados diante de um comandante adulto. A legenda diz:
O grupo terrorista realizou lavagem cerebral, treinamento e armamento em centenas de crianças a fim de lutar por eles.
E mais:
De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, centenas deles foram mortos enquanto as forças do governo iraquiano se aproximavam, com cobertura de aviões de combate e robôs-zangões.

O guarda da base britânica disse: isso vai elevar a contagem da mortalidade para pelo menos quatrocentos combatentes sírios mortos nas fileiras do Estado Islâmico desde o começo da batalha em Mosul. Entre eles, mais de trezentos soldados dos "leõezinhos do califado".
Já tinha lido centenas de palavras deste horrível massacre e ainda assim nenhuma vez a palavra "garotos" tinha aparecido em lugar nenhum do artigo. É muito claramente uma escolha bem deliberada, implementada de forma regular na mídia ao longo de todo o mundo ocidental.

Eu continuei lendo, na esperança de ao menos uma referência ao gênero destes garotos mortos:
O assassinato das crianças soldados veio assim que as forças iraquianas e curdas lutaram em seu caminho até os arredores do leste de Mosul, após uma ofensiva de duas semanas.

Bem como no assassinato de crianças soldados, grupos de direitos humanos acusam a milícia tribal sunita sancionada pelo governo de levar a cabo ataques de retaliação contra homens e meninos em áreas recém-capturadas pelos militantes.
Então, onze parágrafos na história e finalmente descobrimos que, bem como o assassinato de meninos soldados (cujo gênero jamais é identificado ao longo do artigo), outros meninos e homens foram eliminados.

Você pode, se quiser, ler o restante dos horríveis detalhes clicando no link ao final deste meu artigo.

Eu acho esse jornalismo abismal. Estou tentando compreender como alguém pode escrever sobre um assunto como este e em momento algum identificar o gênero das centenas de crianças exterminadas. Quando uma criança se afoga na piscina do quintal, somos alertados de seu gênero assim que os fatos estão disponíveis. Quando estes crimes baseados em gênero são cometidos contra homens ou meninos, seu gênero ou jamais é referenciado ou pode ser encontrado só depois de passados mais de 75% do artigo. Isto não seria tão suspeito e perturbador se a mesma abordagem fosse empregada quando mulheres ou meninas são vítimas de massacre ou de algum ato opressor ou brutal. Como todos nós sabemos, o gênero das mulheres vítimas é sempre o foco máximo de qualquer história desse tipo.

Nós todos lembramos do colapso quando 200 garotas foram raptadas pelo grupo terrorista islâmico Boko Haram. Dá para imaginar a mídia tomando a mesma atitude no caso do rapto destas meninas se eles fizessem o mesmo no caso do assassinato de mais de 300 meninos?

Eis um breve extrato de um artigo recente:
O grupo humanitário Human Rights Watch liberou achados na segunda-feira mostrando oficiais de polícia e membros do serviço militar de sete acampamentos do governo na capital do estado de Borno, Maiduguri, abusando sexualmente de 41 mulheres e meninas que haviam escapado do Boko Haram.

"Já é ruim o bastante que estas mulheres e garotas não tenham o suporte tão necessário para os terríveis traumas que sofreram nas mãos do Boko Haram", diz Mausi Segun, pesquisador sênior na Nigéria pela Human Rights Watch. "É infame e ultrajante que pessoas que deveriam proteger estas mulheres e meninas estejam atacando e abusando delas.
Por que não referir-se simplesmente a "pessoas e crianças"? Por que a súbita urgência em revelar o gênero dos que estão sendo maltratados e abusados?

Esta abordagem foi usada há alguns meses atrás em uma história sobre as taxas crescentes de suicídio.

The Project apresentou uma história sobre nossas alarmantes taxas de suicídio. Parece ser quase impossível para um segmento de dez minutos sobre suicídio na Austrália não usar as palavras "homem" ou "menino" na apresentação inteira, mas foi exatamente isto que os compassivos e caridosos anfitriões do The Project conseguiram fazer.

Não apenas eles falharam em referir-se ao gênero masculino, eles focaram no aumento do número de suicídios de mulheres, o que incluía gráficos e foi seguido de uma entrevista com uma mulher que tentou o suicídio. Três de quatro suicídios resultam na morte de um homem, mas mesmo assim a história focou inteiramente em mulheres e o único gráfico mostrado era relacionado a mulheres.

Dá para imaginar um segmento de dez minutos sobre violência doméstica na Austrália falhando em mencionar mulheres ou garotas ou focando exclusivamente nas vítimas masculinas? É claro que não, pois isso jamais aconteceria. Se tal abordagem chocante fosse usada, pode ter certeza que rolariam cabeças e ocorreria um tsunami de vozes furiosas perguntando como isso pode ter acontecido quando mulheres perfazem a maioria daqueles mortos em incidentes de violência doméstica.

O segmento do The Project resultou em zero protesto (além do meu comentário na página deles no Facebook). É isto o que faz vir à minha mente personagens como David Vincent. Eu sinto como se estivesse uivando para a lua quando expresso meu desgosto por esse ódio gratuito que é praticamente diário na nossa mídia. Por vezes eu fico tão esmagado pelo número de artigos de jornais contendo misandria tão descarada ou distorcendo figuras usadas para perpetuar o mito da opressão feminina que eu simplesmente omito um profundo suspiro e viro a página.

Outro artigo online da ABC sobre suicídio começa estabelecendo o fato que das 3027 pessoas que mataram a si mesmas em 2015, 2292 eram homens e 735 eram mulheres. Um começo promissor, não? Infelizmente, tudo segue ladeira abaixo daí.

As figuras mostram que mortes por auto-ataque são mais comuns em homens que em mulheres numa proporção de três para um, porém o número de mulheres que acabam dando cabo de suas vidas está aumentando.

A executiva-chefe da Suicide Prevention Australia, Sue Murray, disse à ABC News que esta tendência era preocupante:
Temos visto um aumento de 26% nas taxas de suicídio entre mulheres e os números de suicídios entre homens [subindo] ao longo do último período de cinco anos.
Sra. Murray:
Nós não sabemos por que isto está ocorrendo, então precisamos realmente ver o governo vindo com investimentos em pesquisa, de tal forma que possamos realmente entender o que é que está trazendo à tona este aumento e a forma que [as mulheres] estão escolhendo tirar suas próprias vidas. As estatísticas da ABS revelam também que o número de meninas adolescentes que morrem de suicídio tem aumentado.

Em 2015, 56 meninas entre as idades de 15 e 19 deram fim às suas vidas, mais que as 38 em 2014. Os números não são grandes mas certamente o fato que há um aumento de 45% no período de um ano certamente necessita de uma boa investigação. Eu acho que precisamos olhar bem cuidadosamente para o tipo de programa de prevenção de suicídio que estamos empregando.

Aparentemente, Sra. Murray não está perturbada pelo fato que três de quatro suicídios são cometidos por homens. Ela não faz referência alguma a esta estatística e não expressa preocupação alguma sobre por que existe tão grande disparidade de gênero e qual poderia ser sua causa.

Mas, quando ela identifica o fato que houve um leve aumento no suicídio de meninas adolescentes, ela demanda mais investimentos em pesquisa e uma análise da forma que mulheres estão escolhendo tirar suas vidas. Ela até questiona o programa de prevenção de suicídios que eles estão empregando.

Claro, duas mulheres apresentam os artigos sobre suicídio que seguem.

Eu considero isso incompreensível e por vezes sinto como se estivesse andando numa paisagem alienígena. Como pode esse tipo de discurso de ódio gratuito prosseguir sem ser desafiado? Não existe ninguém com poder e influência que se importe um pouco que seja sobre homens e meninos?

O excelente documentário The Red Pill tem um segmento particularmente angustiante da cobertura da mídia sobre o grupo terrorista islâmico Boko Haram. O segmento apresenta uma sequência desoladora sobre homens e meninos massacrados enquanto o leitor refere-se a eles como "pessoas" e "habitantes". Isto não é um engano ou deslize raro. O documentário dá numerosos exemplos desta deliberada camuflagem da verdade quando se refere à opressão ou assassinato de homens. Simplesmente não tem como uma história sobre o massacre das 200 meninas ser apresentada numa linguagem neutra. Bem, isso não aconteceu quando garotas foram raptadas, portanto pode-se ter certeza que um massacre de mulheres teria o gênero como foco majoritário da história.

Eu ainda estou para ouvir qualquer jornalista confrontado com esta maldita evidência e sendo inquirido a justificar esta abordagem doentia para a transmissão de notícias.

Assim sendo, como David Vincent, eu continuarei a alertar meus próximos humanos para a presença dessa agenda odiosa e danosa sendo executada diante de nossos olhos todos os dias. Infelizmente, como David, sinto que minha tarefa de abrir os seus olhos para essa realidade está fadada ao fracasso. Somente um pequeno número de nós verá verdadeiramente os dedinhos deformados dos alienígenas entre nós.


Trailer do The Invaders:
 

Links:




META
Título Original Cubs of the Caliphate Slaughtered
Autor Mark Dent
Link Original http://www.avoiceformen.com/gynocentrism/cubs-of-the-caliphate-slaughtered/
Link Arquivado http://archive.is/GgDVH

domingo, 11 de dezembro de 2016

"Eu fiz um aborto..." por Megan Rhoades

Eu fiz um aborto, e não foi nada parecido com o episódio de natal de Scandal


Seja lá o que você pense acerca do projeto de lei sobre a Planned Parenthood, aborto sempre será um grande assunto


Noite passada o Senado dos EUA votou pela interrupção de fundos governamentais para a Planned Parenthood. Conhecida principalmente por ser o maior negócio fornecedor de aborto nos Estados Unidos, Planned Parenthood esteve bastante presente nos noticiários recentemente - do detestável ataque a uma de suas clínicas por um um atirador, à igualmente perturbadora divulgação dos vídeos com executivos da PP estabelecendo preços de partes fetais. Com a eleição presidencial às portas, você pode dizer que o debate nacional envolvendo o financiamento governamental da PP alcançou um clímax, ao ponto de aparecer em um episódio de natal do muito acompanhado show de TV 'Scandal'.

No episódio final da temporada de inverno de Scandal, que foi ao ar 19 de novembro, os espectadores acompanharam uma história que veio do nada e desapareceu tão do nada quanto. Após um episódio com o plano de fundo dos recursos da PP em balanço (e, ao contrário do que aconteceu na vida real, no episódio o projeto de lei pela interrupção não passou), o episódio termina com uma cena da protagonista Olivia Pope fazendo um aborto. Como que tentando atrelar com os elementos natalinos do final da temporada de natal, a cena foi formada com a trilha sonora de Silent Night.

Alguns responderam que este episódio é uma corajosa cobertura de um assunto importante. Mas como alguém que passou por um aborto, eu odiei. Eu achei que ele deu a impressão de um retrato despreocupado de uma coisa muito séria pela qual muitas mulheres passam pela experiência, e de uma tática política baixa e barata.

Aborto é atualmente parte de nossa cultura, querendo ou não, e assim sendo ela naturalmente será retratada na cultura popular e na TV. Eu assisti a episódios de outras séries de TV que lidaram com o aborto, como Parenthood ou Grey's Anatomy. Eu não tenho problema com o fato de o aborto ter sido retratado em um show do mainstream; o problema é como foi retratado. Eu vejo que o aborto é geralmente retratado como sendo uma decisão fácil, rápida e quase indolor que permite a uma mulher apertar o botão de Pause na sua vida, mesmo que por um momento, e então retomar a vida como se o aborto jamais tivesse ocorrido. O rápido procedimento pelo qual Olivia passou parece expressar que fazer um aborto não é lá grande coisa. Como alguém que esteve numa sala de espera, eu achei o episódio profundamente insensível com mulheres que passaram por um aborto. Claro, cada um tem experiências diferentes, mas o que foi mostrado em Scandal foi completamente diferente de como o aborto é normalmente vivenciado por mulheres, e certamente contrário à minha experiência.

Desde meu aborto, eu tenho caminhado uma jornada de cura, mas tem sido uma longa e dura jornada. Algumas vezes eu penso que estou indo bem, e algo acontece; uma imagem, uma palavra, um cheiro, um gatilho. Meu coração acelera, tenho que respirar mais fundo apenas para suportar, tento segurar as lágrimas. Momentos como o desse episódio.

Como qualquer episódio natalino, o visual incluía luzes piscantes, abetos, copos-de-leite, você sabe; dava quase para sentir o cheiro de natal na sua tela de TV. Mas então vemos uma sala de espera aveludada, e uma mulher pergunta a Olivia se está pronta. As cenas pulam para outros personagens, mas então a câmera volta para Olivia, ela está em uma mesa, pés em estribos. Um médico assentou entre seu joelhos um prolongador para um instrumento em forma de gancho, movimentando ao longo de sua pelve, e então liga uma máquina com um som suave como um sussurro. O médico então é visto colocando um tubo de limpeza, enquanto Olivia segura na barra da cama do hospital, aparentando estar pensativa. A próxima cena de Olivia a mostra em sua casa, freneticamente procurando por bebida alcoólica.

Eu estive numa sala de espera como a da Olivia. Eu esperei numa sala por quase nove horas junto a outras quarenta mulheres, todas esperando pelo mesmo procedimento. Nós não ficamos assistindo às notícias de política do dia na TV enquanto esperávamos. Minha sala de espera era gelada, e tão quieta que seria possível ouvir uma agulha caindo. Eu estive naquela sala de procedimento, só que a sala que eu estava não era nada limpa ou moderna.

Eu encontrei aquele médico. O provedor do meu aborto passou o pouco tempo que esteve comigo perguntando questões aviltantes como "Cê já não é grandinha para saber como evitar isso?" e "Quantas vezes vou te ver aqui neste ano?" Nunca me senti tão minúscula e irrelevante em toda minha vida.

Eu fiquei deitada naquela mesa. Eu senti aquele instrumento. Assistindo à Olívia apenas se dentar como se estivesse fazendo um papanicolau, aparentando não ser afetada pelos instrumentos médicos abrindo o colo e raspando o seu útero. Ela não parece estar drogada, não aparenta estar entorpecida. Ela quase parece... confortável.

Nada poderia estar mais distante do que eu passei. Eu não fiquei confortável. Eu experimentei uma dor terrível. Fechei meus olhos forte e agarrei a mão da enfermeira que estava próxima a mim. Enquanto eu assistia a cena em Scandal, uma onda de tristeza me arrebatou quando notei que Olivia sequer tinha uma enfermeira para segurar sua mão... ela estava travada segurando a barra da cama.

Eu ouvi aquela máquina. Eu sei o som que ela fez e o que ela fazia. Não foi um som calmo e suave de um sussurro. Foi um som forte de aspirador acompanhado pelo barulho de carne sendo sugada... minha carne... minha própria criança... do meu útero.

E como em sua busca por álcool, eu bebi aquele drinque... tentei anestesiar a dor e a memória; eu tentei esquecer o passado mesmo que por um momento ou dois.

Com este episódio de Scandal, meu coração despedaçou-se não apenas por causa do aborto experimentado por um personagem que eu viria a me identificar, mas também por causa da trilha sonora. Tocar um belo hino natalino sobre a indubitavelmente mais famoso nascimento celebrado na história com uma cena que termina uma gravidez é repugnante.
Silent night Holy night All is calm All is bright 'round yon virgin mother and child Holy infant so tender and mild Sleep in heavenly peace

Tenho certeza que a passagem desta canção durante a cena foi intencional, politicamente encomendada, e com o objetivo de incitar as coisas. Mas eu me pergunto se os escritores e produtores deste episódio cogitaram o quão incrivelmente danosas imagens como aquelas podem ser para mulheres que abortaram, causando reações como memórias recorrentes, pesadelos ou ansiedade piorada.

Mostrar uma protagonista tendo um aborto como se não fosse lá grande coisa mostra uma imensa mensagem. Envia uma mensagem de que é assim que as pessoas devem ver o aborto - como se fosse algo pacífico, ou mesmo que os sentimentos de mulheres que, como eu, fizeram aborto, que o veem como traumático, são de alguma forma inválidos. Penso que é correto dizer que não importa a sua posição no espectro político sobre aborto, é incorreto dizer que não é lá grande coisa.

Após assistir a episódios desse tipo, os espectadores serão capazes de desligar a TV sem ficar agitados, sem ficar perturbados, sem ficarem afetados? Eu creio que não. Eu creio que os escritores do episódio esperavam obter exatamente isto. Mas eu duvido que eles tenham noção do quanto isto, para espectadores como eu, machuca.

META
Título Original I've had an abortion, and it wasn't anything like Scandal's Christmas episode
Autor Megan Rhoades
Link Original http://verilymag.com/2015/12/scandal-winter-finale-planned-parenthood-defunded
Link Arquivado http://archive.today/spqXK

domingo, 4 de dezembro de 2016

"O Mito do Aborto e Crime" por John Lott Jr.

O Mito do Aborto e Crime


Acerca do aborto, há um grande buraco entre John McCain e Barack Obama. Tanto o National Right to Life Committee quanto a Pro-choice America concordam que Obama tem um recorde 100% perfeito de votação pró-escolha. McCain é pro-vida, e os dois grupos respectivamente alegam que ele vota dessa forma em pelo menos 75% das vezes. Isso deve dar um debate animado no outono.

Mas a questão do aborto geralmente se assenta apenas na moralidade do ato (escolha vs. vida), e Mccain e Obama até o momento procuram emoldurar a questão sem mudar. Moralidade certamente é importante, mas sua ênfase perde-se no impacto mais extenso que tais leis têm.

Leis liberadoras do aborto datadas de 1969 até 1973 deram a partida em enormes mudanças sociais de longo termo na América. Esta discussão pode finalmente fornecer uma possibilidade de mensurar como o caso Roe v. Wade mudou os EUA.

Um fato comumente mal compreendido: abortos legais não começaram com Roe ou mesmo com os cinco estados que liberalizaram leis de aborto em 1969 e 1970. Antes de Roe, mulheres podiam ter abortos quando suas vidas ou saúdes estavam sob perigo.

Médicos em alguns estados surpreendentes, como o Kansas, tinham interpretações bastante liberais sobre o que constituía perigo à saúde; ainda assim, Roe substancialmente aumentou os abortos, mais que dobrando a taxa contra nascimentos com vida nos cinco anos desde 1972 até 1977.

Mas muitas outras mudanças ocorreram ao mesmo tempo:
  • Um aumento acentuado do sexo pré-marital;
  • Um aumento acentuado de nascimentos fora do casamento;[NT1]
  • Uma queda no número de crianças postas para adoção;
  • Um declínio nos casamentos que ocorrem após a mulher ficar grávida.

Muitas dessas mudanças podem parecer contraditórias. Por que tanto o número de abortos quanto o de nascimentos fora do casamento subiram? Se ocorrem mais nascimentos ilegítimos, por que há menos crianças disponíveis para adoção?

Para o primeiro enigma, parte da resposta repousa nas atitudes em direção ao sexo pré-marital. Com o aborto visto como uma reserva de segurança, tanto homens quanto mulheres tornaram-se menos cuidadosos no uso de contraceptivos bem como mais dispostos a praticar sexo antes do casamento.

Ocorreram mais gravidezes indesejadas. Mas aborto legal não significa que toda gravidez indesejada levará ao aborto. Afinal, só porque o aborto é legal não acarreta que a decisão é fácil.

Estudos acadêmicos determinaram que o aborto legalizado, ao encorajar o sexo pré-marital, aumentou o número de casamentos não planejados, até mesmo superando a redução do número de nascimentos não planejados em razão do aborto.

Nos EUA dos idos de 1970, quando o aborto foi liberado, até o fim dos idos de 1980, houve um tremendo aumento na taxa de nascimentos fora do casamento, subindo de uma média de 5% de todos os nascimentos de 1965 até 1969 até mais de 16% duas décadas depois (1985 até 1989).

Para negros, os números alcandoraram-se de 35% até 62%. Enquanto nem toda essa subida pode ser creditada às leis de aborto liberalizadas, mesmo assim este foi um fator chave na contribuição.

Com a legalização e uma mulher não sendo forçada a seguir com uma gravidez não-planejada, um homem pode bem esperar que sua parceira vá fazer um aborto se uma conjunção sexual resultar em uma gravidez não-planejada.

Mas, o que acontece se a mulher se recusa - digamos, se ela moralmente se opõe ou, quem sabe, ela cogitou fazer um aborto mas ao longo da gravidez ela decide que não pode prosseguir nessa ideia?

Muitos homens, sentindo-se ludibriados para uma paternidade indesejada, é provável que vão lavar as mãos do caso completamente, pensando "Eu nunca quis um filho. Foi escolha dela, então ela que cuide dele sozinha".

O que era esperado dos homens nessa posição mudou dramaticamente nas últimas quatro décadas. As evidências mostram que a maior disponibilidade do aborto acabou largamente com os "casamentos na mira da espingarda", onde homens se viam obrigados a casar com as mulheres.

O que aconteceu com os bebês desses pais relutantes?

As mães geralmente criam seus filhos sozinhas. Mesmo que o aborto tenha levado a mais filhos fora do casamento, ele reduzira dramaticamente as adoções de filhos nascidos na América por parte de famílias com pai e mãe.[NT2]

Antes de Roe, quando o aborto era muito mais difícil, as mulheres que teriam decidido pelo aborto mas não tinham meios de conseguir um voltavam-se para a adoção como segunda opção. Depois de Roe, mulheres que se voltaram-se para o aborto eram também do tipo que queriam manter a criança.

Mas todas essas mudanças - aumento dos nascimentos fora do casamento, derrubada nas taxas de adoção e fim dos casamentos na mira da espingarda - significaram uma coisa: mais famílias de um só genitor. Com o trabalho e outras demandas do de seu tempo, genitores solteiros, não importando o quanto possam desejar seus filhos, tendem a devotar menos atenção a seus filhos que casais casados; afinal, é difícil para uma pessoa só dispender tanto tempo com uma criança quanto duas pessoas.

Desde o começo do debate acerca do aborto, aqueles favoráveis ao aborto apontavam para os custos sociais dos "filhos indesejados" que simplesmente não teriam tanta atenção quanto os "desejados". Mas há uma troca de custo&benefício que foi por muito tempo negligenciada. O aborto pode eliminar filhos indesejados, mas aumenta nascimentos fora do casamento e parentela solteira. Infelizmente, as consequências sociais da bastardia dominaram.

Crianças nascidas depois das regras de aborto liberalizadas sofreram uma série de problemas, de dificuldades na escola até mais crime. O fato mais pesaroso é que são os mais vulneráveis na sociedade, negros pobres, que mais sofreram com estas mudanças.

Não importa quem vença as eleições ou controle a Suprema Corte, abortos dificilmente serão proscritos, bem como eles não foram proscritos antes de a corte decidir Roe v. Wade em 1973.

O aborto liberalizado indubitavelmente tornou a vida mais fácil para muitos, mas como o próprio sexo certas vezes, pode ter muitas consequências indesejadas.

Crimes violentos nos EUA dispararam depois de 1960. De 1960 a 1991, crimes violentos reportados cresceram até inacreditáveis 372%. Esta tendência perturbadora foi vista ao longo de todo o país, com roubos alcançando o pico em 1991 e estupro e assalto com agravantes seguindo em 1992. Mas então algo inesperado ocorreu: Entre 1991 e 2000, as taxas de crimes violentos e crimes de propriedade desabaram, caindo 33% e 30% respectivamente. Taxas de assassinato estabilizaram-se até 1991, mas então despencaram a 44%.

Muitas explicações plausíveis foram oferecidas para a queda durantes os idos de 1990. Alguns reforçam as medidas de garantia de cumprimento da lei, como maiores taxas de captura e condenação, maiores sentenças prisionais, estratégias policiais de "janela-quebrada", e pena de morte. Outros enfatizam leis de direito ao porte oculto de armas de mão, economia mais forte, ou ao gradual descenso da epidemia de cocaína e crack.

Ainda assim, de todas as explicações, talvez a mais controversa é aquela que atribui as taxas mais baixas de crime nos idos de 1990 a Roe v. Wade, a decisão da Suprema Corte que em 1973 autorizou o aborto legalizado. De acordo com esse argumento, o número maior de mulheres que começaram a abortar logo depois de Roe eram mais provavelmente não-casadas, ou adolescentes, ou pobres, e seus filhos seriam "indesejados". Crianças nascidas sob essas condições teriam uma probabilidade maior-que-a-média de tornar-se criminosos, e teriam adentrado suas adolescências - o "primado criminal" - no começo de 1990. Mas como eles foram abortados, não estão mais por aí para causar problemas.

É uma teoria que chama a atenção, certamente, possivelmente ainda mais notória que a pesquisa recente indicando que liberalizar o aborto aumenta o sexo pré-marital, o número de filhos fora do casamento, reduz adoções e acaba com os conhecidos casamentos na debaixo da espingarda.

Mas uma análise exaustiva e precisa do aborto e das estatísticas criminais aponta para a conclusão oposta: que o aborto aumenta o crime.

A questão sobre aborto e crime foi profundamente influenciada por um estudo sueco publicado em 1966 por Hans Forsman e Inga Thuwe. Eles acompanharam os filhos de 188 mulheres que tiveram seus abortos recusados de 1939 a 1941 no único hospital em Gothenburg, Suécia. Seu estudo comparava estas crianças indesejadas com outro grupo, composto daqueles com um primeiro filho nascido no hospital após cada uma das indesejadas. Eles descobriram que as crianças indesejadas eram muito mais propensas a crescer em ambientes adversos - por exemplo, com pais divorciados, ou em casas de adoção. Estas crianças também são mais propensas a tornar-se delinquentes e ter problemas na escola. Infelizmente os autores jamais investigaram se a "indesejabilidade" das crianças lhes causou tais problemas ou se era apenas correlacionada a eles.

A alegação de Forssman e Thuwe, não obstante a limitação dos dados que a suportam, tornou-se axiomática entre os defensores do aborto legalizado. Nos anos 60 e 70, antes de Roe, defensores do direito ao aborto atribuíam toda sorte de mazelas sociais, incluindo crime e doenças mentais, aos filhos indesejados. Ceifar estas pessoas pobres e propensas ao crime da população era apresentado como uma forma de tornar a sociedade mais segura.

De fato, a Comissão Rockfeller de População e Futuro Americano de 1972, estabelecida por Richard Nixon, citou pesquisas sugerindo que filhos de mulheres que tiveram seu aborto negado "acabaram por ser registrados mais frequentemente em serviços psiquiátricos, adentraram mais em comportamento anti-social e criminoso, e têm se tornado mais dependentes de assistência pública".

Mesmo na decisão da Suprema Corte em Roe v. Wade, o Magistrado Harry Blackkmun notou os mesmos problemas sociais atribuídos aos "filhos indesejados".

Recentemente, dois economistas - John Donohue e Steven Levitt - tentaram ressuscitar o debate. Eles apresentaram evidência que supostamente demonstraria o impressionantemente grande efeito nas taxas de crime, e argumentou que até "metade da taxa total de redução de crimes" entre 1991 e 1997, e até 81% da queda nas taxas de homicídio durante esse período, era atribuível ao aumento de abortos no início até o meio dos anos 1970. Se esta alegação fosse precisa, eles certamente teriam encontrado o Santo Graal da redução de crimes.

A maioria das pessoas que desafiou o argumento "aborto reduz crime" o fez em bases éticas, em vez de tentar rebater a evidência empírica. Mas vale a pena olhar para os dados também - porque eles não provam o que deveriam provar.

A fim de entender por que o aborto pode não conter o crime, devemos primeiro lidar com o quão dramaticamente ele mudou os relacionamentos sexuais. Uma vez que o aborto tornou-se largamente disponível, pessoas engajaram-se em muito mais sexo pré-marital, e também tomaram menos cuidado no uso de métodos contraceptivos. Aborto, afinal de contas, ofereceu uma reserva se a mulher acabasse grávida, tornando o sexo pré-marital e o mau uso de contraceptivos menos arriscado. Na prática, porém, muitas mulheres veem que não podem prosseguir com um aborto, e os nascimentos fora do casamento dispararam. Poucas dessas crianças nascidas fora do casamento foram postas para adoção; a maioria das mulheres que não estava disposta a ter abortos também não estava disposta a entregar seus filhos. O aborto também removeu a pressão social sobre homens a casarem-se com as mulheres que eles engravidaram. Todos esses efeitos - mais nascimentos fora do casamento, menos adoções que o esperado, e menos pressão para os homens "cumprirem o seu dever" - levou a um subida repentina no número de famílias com apenas um genitor.

Múltiplos estudos documentam essa mudança. Do começo dos 1970 ao final dos 1980, houve um tremendo aumento na taxa de filhos fora do casamento, de uma média de 5% (1965-1969) a mais de 16% depois de vinte anos (1985-1989). Entre os negros, o número saltou de 35% a 62%. Enquanto nem todo esse aumento pode ser atribuído a leis de aborto liberalizadas, elas certamente forneceram uma contribuição chave.

O que aconteceu a todas aquelas crianças criadas por mães solteiras? Não importa o quanto elas desejem suas crias, genitores solteiros tendem a devotar menos atenção a eles que casais casados. Genitores solteiros são menos propensos que casais a ler para seus filhos ou levá-los a excursões, e mais propensos a sentir-se irados por seus filhos ou senti-los como se fossem um fardo oneroso. Filhos nascidos fora do casamento têm mais problemas sociais e de desenvolvimento que filhos de casais em praticamente qualquer medição - seja graduações na escola, expulsão ou doenças. Não é surpresa que filhos de famílias não casadas também sejam mais propensos a tornar-se criminosos.

Então as linhas de argumentação opostas no debate "aborto reduz crime" são claras: um lado reforça que o aborto elimina crianças indesejadas, o outro reforça que aumenta o número de nascimentos fora do casamento. A questão é: que consequência do aborto tem maior impacto no crime?

Infelizmente para aqueles que argumentam que aborto reduz crime, a pesquisa de Donohue e Levitt sofre de falhas metodológicas. Como notou The Economist, "Donohue e Levitt não executaram o teste que disseram ter executado". Um trabalho de dois economistas do Boston Federal Reserve, Christopher Foote e Christopher Goetz, descobriu que, quando eram executados corretamente, os testes indicavam que o aborto na realidade aumentava os crimes violentos. John Whitley e eu escrevemos um estudo que encontrou uma conexão semelhante entre aborto e assassinato - a saber, que legalizar o aborto elevou a taxa de assassinatos, em média, em aproximadamente 7%.

A teoria que "aborto diminui crime" acaba entrando em mais problemas quando a população é analisada por grupos de idade. Suponha que a liberação do aborto no começo dos anos 1970 pudesse de fato explicar até 80% da queda dos assassinatos durante os anos 1990, como alegam Donohue e Levitt. Desregular o aborto então reduziria a criminalidade primeiro nos grupos etários nascidos após as leis de aborto terem mudado, quando os elementos "indesejados" e propensos ao crime começaram a ser ceifados. Apesar disso, quando olhamos para o declínio nas taxas de homicídio durante os anos 1990, descobrimos que este não é o caso afinal. Em vez disso, as taxas de crime caíram primeiro entre aqueles de uma geração mais velha - os de mais de 26 -, nascidos antes de Roe. Só depois é que a criminalidade entre aqueles nascidos após Roe começou a declinar.

Legalizar o aborto aumenta o crime. Aqueles nascidos nos quatro anos após Roe eram muito mais propensos a cometer assassinato do que aqueles nascidos nos quatro anos anteriores. Isto fica especialmente verdadeiro quando estão em seu "primado criminal", como mostrado no gráfico.

O argumento de "aborto diminui o crime" fica ainda mais fraco quando se olha para os dados do Canadá. Enquanto as taxas de crimes em ambos Estados Unidos e Canadá começaram a declinar na mesma época, o Canadá liberalizou suas leis de aborto muito mais tarde que os EUA. Ainda que Quebec efetivamente tenha legalizado o aborto no final de 1976, não foi até 1988, em um caso originário de Ontário, que a Suprema Corte canadense efetivamente eliminou os limites de aborto em toda nação. Se a legalização do aborto nos EUA causou uma queda no crime 18 anos depois, por que a taxa de crime começou a cair apenas três anos depois da mudança legal correspondente no Canadá?

Mesmo que o aborto tenha diminuído o crime ao eliminar os "filhos indesejados" (uma conclusão derivada de estatísticas falhas), este efeito seria enormemente superado pelo aumento do crime associado com a maior incidência de famílias de apenas um genitor que também se seguiram da liberalização do aborto. Resumindo: mais aborto gerou mais crime.

Este artigo foi publicado originalmente na Fox News.


FootNotes:
  • NT1: Nao tem uma tradução muito boa para "out-of-wedlock" - algo como "fora da trava de matrimônio"...
  • NT2: Mais uma tradução meio chatinha: ele fala "two-parent families". Dada a "neutralidade de gênero", preferi "genitores" ao longo do texto.

META
Título Original The Myth of Abortion and Crime
Autor John R. Lott Jr
Link Original https://www.lewrockwell.com/2008/07/john-lott/the-myth-of-abortion-and-crime/
Link Arquivado http://archive.today/vV5nF

sábado, 26 de novembro de 2016

"#Imwithher - Saudando Kellyanne Conway"

#Imwithher - Saudando Kellyanne Conway



Este arigo foi publicado originalmente nos fóruns do AvFM por Maxx, e está reeditado aqui com sua permissão. Ass.: Editores


As feministas deveriam estar regozijando-se. Uma mulher venceu a Casa Branca esta semana, afinal.

A mais impressionante e audaciosa campanha da história da democracia foi orquestrada por Kellyanne Conway. Diz o ditado que por detrás de todo grande homem há uma grande mulher. Então vamos falar sobre a mulher que está atualmente situada detrás do presidente-eleito.

Como muitas mulheres e meninas, Kellyanne não foi a primeira escolha. Ela teve que esperar na fila. Apenas depois de um par de caras tentarem e falharem em fazer Donald J. Trump parecer mais presidenciável e elegível, ela herdou uma embarcação que parab a maioria dos que viam de fora estavam convencidos que não seria possível salvar do naufrágio. Só que Kellyanne não estava ali para ser outra tripulante de um Titanic; nada disso, esta mulher seria aquela que vestiria a bombeta de capitão e contra todas as expectativas modificaria todo o empreendimento.

Seu chefe não facilitava as coisas para ela certas vezes.

Trump saiu fervendo de um debate de nomeação no qual ele e seus rivais republicanos se saíram como um monte de briguentos de colegial raciocinando sobre os lixos uns dos outros na TV nacional. Esquerdistas celebravam aquilo que parecia a verdadeira desintegração pública e dramática do Partido Republicano inteiro.

"Garotos, sempre garotos", ela deve ter pensado enquanto assistia Donald ao lado de figuras como Cruz, Rubio e Jeb Bush arrastando os debates republicanos para o descrédito. O tom e a retórica podem ter sido uma boa jogada para os fãs bebuns de Ted Nugent, mas Kellyanne sabia que não havia o suficiente daquilo para colocar seu campeão na Casa Branca. As coisas precisam mudar - e mudar rápido.

Seu patrão já estava em problemas com as mulheres (de forma que a mídia deliberadamente martelou) para levantar muitas vezes a isca de várias mulheres agitadoras na mídia e na rede. E em sua inocência estava caindo na armadinha de não as tratar com luvas de pelica só por serem mulheres. Muito igualitário, não é não? Infelizmente o público não via dessa forma. E quando se trata de campanhas políticas, percepção é tudo.

Kellyanne inicialmente estava trazendo sua perícia sobre ajudar seus clientes a abordar mulheres consumidoras no setor privado. Sua perícia, coisa que seus oponentes em breve notariam, estendeu-se muito além do domínio das "coisas de menina".

Seu chefe tinha entusiasmo para o trabalho e tinha visão, mas por sua própria confissão lhe faltavam experiência e tato. Sua rival tinha do seu lado a experiência, mas Kellyanne taticamente assegurou que o público fosse repetidamente alertado de exatamente no que Hillary Clinton tinha experiência. Mais de trinta anos engajando-se em interesses especiais, vendendo política em benefício próprio, mentindo, agindo na surdina, trapaceando o povo americano em prol de seus patrocinadores globalistas. Tudo sob a fachada da política divisiva neoliberal de identidade de gênero e racial.

Quando Kellyanne assumiu como Gerente de Campanha, o valor de Trump estava em queda livre. Mesmo os mais fervorosos apoiadores de Trump não podiam gostar de vê-lo em sarcasmos públicos mal-aconselhados com as famílias de homens americanos militares mortos. Não tem como adoçar o fato que isso não passava uma boa imagem. Tudo isso empregado nas mãos daqueles que argumentavam que Trump era um idiota impulsivo de cuca quente que simplesmente não estava pronto e nem era adequado para as demandas e desafios do serviço público.

Onde a mídia farejou sangue, Kellyanne viu uma oportunidade. E lenta mas confiantemente o besteirol Trump que venceu a nomeação republicana (para alegria dos esquerdistas e desânimo de muitos conservadores de longa data) deu caminho a um real ser humano.

Enquanto outros políticos escondia, suas falhas de caráter e julgamento em servidores privados, Kellyanne deu-nos um candidato que ergueu as mãos e confessou as suas. Repentinamente as estrelas começaram a alinhar-se, o homem, aquele suficientemente preparado, estava concorrendo na promessa de dar à América uma segunda chance, teve concedida uma segunda chance de si mesmo.

Lenta e sistematicamente toda e cada fraqueza daquele velho urso foi transformada em força.

Enquanto seus detratores tentavam descrevê-lo como um bilionário vivendo literalmente em uma torre alta, Kellyanne reverteu o script. E repentinamente ele era um cara que de tão rico não podia ser comprado, que não estava concorrendo porque precisava do dinheiro ou precisava cravar fama. Ele estava no páreo porque era a coisa correta a se fazer.

De repente ele era um cara que não precisava tanto de nós quanto nós (o povo) precisávamos dele. De repente ele não parecia mais o valentão intimidador; ele parecia o relutante e imperfeito campeão do povo recebendo dos valentões de todos os lados, pelo bem do pequeno povo pelo qual ninguém era capaz ou estava disposto a lutar.

Debaixo da batuta de Kellyanne, seu cliente transformou-se para a consciência pública na incarnação do sonho americano que ele era o tempo todo. Um homem que falava para as aspirações do povo comum ao longo de todo o país que somente queria um sistema que lhes desse uma chance de lutar e um jogo justo. Mesmo seu antigo show de TV transformou-se de um assunto de difamação e ridicularização em uma vantagem. Ele não era uma celebridade no estilo de Kim Kardashian, famosa por tirar fotos da bunda desnuda (ufa, graças a Deus). Não, ele era o anfitrião de um show de TV que defendia o espírito empreendedor. Por que isso seria ruim? Tem algo mais americano que isso?

Kellyanne reconheceu o entusiasmo e a paixão de seu cliente e sabia que se ela pudesse mantê-lo na mensagem - livre mercado, imigração e anti-corrupção; e longe de bravatas no Twitter impróprias para um presidente -, ele teria que parecer menos como uma celebridade egomaníaca de TV e bem mais como o campeão de um movimento do povo que não querem seu destino ou o destino de sua nação escritos em lugar deles.

Ela enviou aquele velho urso para travar lutas que diziam que ele não tinha chances de vencer. Em ligares como Michigan, Wisconsin, e New Hampshire. Mas ela o enviou armado com as ferramentas para garantir a vitória.


Como muitas mulheres que tentam algo notável em um "mundo de homens", ela deparou-se com a zombaria. Vez após outra homens e mulheres proeminentes na mídia convidaram-na para seus programas a fim de que suas audiências pudessem rir e escarnecer dela e compeli-la a sair de cena e admitir que ela e seu candidato estavam o tempo todo fazendo uma brincadeira. Ela não se levou por isso, e não pegou a bolinha e foi para casa reclamando do 'governo', como as feministas da esquerda fazem. Ela permaneceu calma; ela firmou-se no ponto. E o povo que tinha importância viu através dos socos e do besteirol sarcástico a verdade da sua mensagem. Naquele tempo que a Florida tinha chamado por Trump, ninguém mais estava rindo da cara de Kellyanne Conway.

O caminho à frente de Kellyanne ao longo dessa campanha eleitoral não foi do tipo que confortavelmente se caminha nos calcanhares ou de pés descalços. Não era algo "amigável para meninas". O quê? Sequer era convidativo para começo de conversa. Foi um caminho recheado de todos os obstáculos imagináveis e inundado de cacos de vidro. Mas Kellyanne não ficou parada na linha de largada choramingando e reclamando que o caminho diante dela não era justo só porque "ela é uma garota".

Ela não esperou que homens em volta dela lhe limpassem um caminho fácil. Ela marcou a trilha.

E quando ela tentava guiar um cliente que estava constantemente sendo tapeado pelos seus oponentes e até pelos árbitros (alô, Anderson Cooper) ela tomou isso como uma oportunidade de mostrar ao público que seus detratores não eram o tipo de gente que acredita em um jogo limpo e ético. Eles eram o tipo de gente que atacam em bando, 3 contra um, num debate ao vivo. Uma mentalidade de emboscada se apossou entre os parceiros de Trump. De repente a verdade tornou-se cada vez mais aparente, e Trump era o oprimido, e ele e ela tinham o espírito de luta como aquele de que a América é feita.

Kellyanne não foi contratada via ação afirmativa. Ela não foi a primeira escolha. Ela não foi selecionada como gerente de campanha a fim de preencher uma cota. Ela é a primeira mulher a comandar uma campanha presidencial republicana. E ela comandou a melhor de todas.

Isto não é evidência que precisamos de 'mais mulheres' gerenciando campanhas presidenciais. É evidência que qualquer uma que quer vencer a Casa Branca contra todas as expectativas, com cada tentáculo da abominável máquina contra si tem que ter um ás na manga.

Melhor que elas tenham Kellyanne Conway.



E melhor estarem prontas, dispostas, capazes de superar as expectativas do presidente-eleito Donald J Trump por seus serviços.

Meninas precisam de modelos de conduta. Os progressistas da esquerda cultural estão corretos acerca dessa parte.

Então, senhoras e senhores, a escolha é de vocês; vocês podem contar para as garotinhas o que gostam sobre a Beyoncé. A autoproclamada 'feminista' que chacoalhou o bundão por dinheiro no aniversário do Coronel Kadafi e endorsou para presidente uma 'feminista' criminosa financiada por regimes barbáricos que comercializam mulheres e meninas como gado.

Ou pode lhes contar sobre Kellyanne Conway.

Que comandou a maior das campanhas políticas da história da democracia.

Nós te vimos, Sra. Conway. E te agradecemos.

META
Título Original #Imwithher – Saluting Kellyanne Conway
Autor AVfM
Link Original http://www.avoiceformen.com/mega-featured/imwithher-saluting-kellyanne-conway/
Link Arquivado http://archive.today/0fNn9

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

"Mansplaining" por JT

Mansplaining


Numa embalagem de quatro gizes de cera, as cores são azul, amarelo, vermelho e verde. Quatro grandes blocos Lego são exibidos na entrada da Legoland: eles são azul, amarelo, vermelho e verde.

Por que verde?

Eu entendo o azul, amarelo e vermelho: são cores primárias. Verde é secundária, mas laranja e púrpura também. Então por que raramente vemos azul, amarelo, vermelho e laranja numa embalagem de gizes de cera? Por que não vemos azul, amarelo, vermelho e púrpura na entrada da Legoland? Por que verde é sempre a quarta cor?

Eu suponho que verde seja confortável ou prazeroso ao olhar.

Mas por quê?

Talvez porque tenhamos uma preponderância de receptores verdes dispostos na retina.

Mas por quê?

Porque quando os ancestrais do homem desceram das árvores eles precisavam estar de prontidão para ameaças na grama. Aqueles sem receptores verdes poderiam não estar seguros de que havia algum leão escondendo-se na grama alta. Plantas são verdes porque a clorofila reflete a luz verde - ela não é utilizada para extração de energia.

Mas por quê?

Provavelmente porque assim que o sol se levanta, a luz disponível concentra-se na extremidade azul do espectro, e quando ele se põe, concentra-se na extremidade vermelha; e verde está sempre no meio. Portanto, plantas evoluíram para rejeitar o meio verde e extrair dos extremos do espectro a fim de obter mais energia. Eu acho. Não sei. Posso estar errado. Se você acha que estou errado, poste.


Feministas estão iradas - elas são irritadas e amargas. Quando não são? Elas dizem que estudantes dão melhores pontuações de ensino para professores homens. Artigos de professores homens, dizem elas, são mais propensos a incluir as palavras "brilhante", "inteligente" ou "esperto", e muito mais dispostos a conter a palavra "gênio". Enquanto isso, mulheres são mais propensas a serem descritas como "odiosas", "duras", "injustas" ou "estritas" e muito mais propensas a serem chamadas "enfadonhas".

É possível que homens gostem de repetir o que aprenderam, mas reconstruam na mente para garantir clareza?

É possível que nossa habilidade de recapitular - ensinar - é afiada pelo nosso constante desejo de explicar e re-explicar?

Sim, homens recusam-se a pedir por direção. Nós queremos descobrir as coisas por nós mesmos; e quando conseguimos, nós explicamos. Aborde um grupo de homens na rua e pergunte por uma direção. Prepare-se: eles todos vão explicar de uma vez só e gesticular em todas as direções, oferecendo toda sorte de melhoras e considerações: jubile neste momento masculino.


Por que os testículos ficam fora dos nossos corpos? Diz a literatura que é porque eles precisam estar em uma temperatura mais baixa a fim de funcionar.

Mas por quê?

Como qualquer explicação pode ser tão simples? Deve haver mais além disso.

Bem, quando envelhecemos, a gravidade puxa nossos órgãos para baixo, comprimindo-os na cavidade abdominal. O projetista da natureza notou que seria mais seguro se os testículos estivessem livres de compressão, então o corpo os forçou para fora a fim de protegê-los da pressão induzida pelos intestinos. Como resultado, os testículos agora funcionam a uma temperatura mais baixa.

A questão da temperatura não é uma causa: é uma consequência.

É importante fazer perguntas, tentar responder, tentar explicar para si mesmo, tentar estabelecer a resposta de formas novas, tentar questionar e re-explicar; e fazer isso em alto e bom som. Se alguém discorda, incorpore a objeção - faça dela a sua própria. Se alguém ficar irritado e te acusar de patronizar, sorria; e tente incorporar algum humor da próxima vez para suavizar sua explicação.


Mansplaining é a combinação das palavras man e explaining, definida como "explicar algo a alguém, de uma maneira considerada condescendente ou patronizante". Lily Rothman da The Atlantic define como "explicar sem considerar o fato que o explicando entenda mais que o explicador, geralmente feito por um homem para uma mulher". A autora e ensaísta Rebecca Solnit atribui o fenômeno a uma combinação de "hiperconfiança e falta de noção". Blah, blah, blah, blah, blah, blah, blah, blah, blah.

Recentemente até o NYTimes entrou na briga, legitimando a palavra e sua visão negativa de masculinidade.



Quando vou para meus negócios diários, eu explico coisas. Eu explico coisas a mim mesmo e a ouvintes imaginários. Mesmo que eu não saiba a resposta final, eu gosto de falar sobre a questão. Algumas vezes não consigo distinguir se estou falando alto ou comigo mesmo. (Sim, isso mesmo: eu falo comigo mesmo.) Algumas vezes, eu me faço de idiota quando falo. Quer dizer, quem quer ouvir esta infinta onda de questões e possíveis respostas? Deste modo, quando alguém me fala para parar, eu aprendo até onde vai a linha.


Então, por que azul é a cor dos meninos e rosa a das meninas?

Vermelho costumava ser a cor dos meninos.

Mas por quê?

Nos tempos primitivos, nos sentávamos em volta do fogo e nos maravilhávamos da chama vermelha, convencendo-nos sobre a energia vermelha. Nossa linguagem tem mais palavras para vermelho que para azul. Mas então isso mudou.

Mas por quê?

Por volta de 1905, Einstein propôs o Efeito Doppler para a luz. Ele propôs o desvio para o vermelho onde a extremidade progressiva de nossa galáxia em expansão leva ao extremo azul do espectro, mas a extremidade regressiva desvia para o vermelho. Azul é uma cor muito mais energética: tem frequência mais alta, estrelas azuis são mais quentes, e se você estudar a base da chama de uma vela, o azul é mais quente. Então, por volta de 1920, a mudança foi: azul tornou-se a cor dos meninos.

Existe alguma relação, Não tenho ideia. Existe também um período azul e um vermelho em Picasso. Mas não tenho ideia de como as coisas se relacionam. Eu não vi nada na literatura, mas gosto de falar sobre este assunto. Se eu continuar falando sobre, talvez alguém o explique melhor.


Feminismo é uma neurose perplexa. De um lado, feministas atacam homens. Do outro lado, elas atacam homens. Entre os ataques aos homens, elas dizem que não atacam homens, e então elas atacam homens; e estão sempre tentando entender por que homens vão bem.

Você consegue imaginar quão melhor nossos meninos seriam se mulheres parassem de atacar os homens? Consegue imaginar quão melhores nossas meninas seriam se feministas aprendessem algo dos homens?

Elas nos atacam por causa do mansplaining e nos atacam por conseguir melhores avaliações enquanto professores.


"Olá! Meu nome é JT. Eu admito que sou incapaz contra o mansplaining. Faz um dia desde meu último mansplaining. Eu fiz mansplaining três vezes neste ensaio, e vou fazer de novo".


Considere esta nova pesquisa surpreendente: um novo estudo co-autorado por acadêmicos de Paris e UC Berkeley descobriu que estudantes tendem a pontuar melhor professores homens que suas correspondentes mulheres.


O nome da autora era Annie Boring[NT1]. Preciso dizer mais alguma coisa?

Digo, não entendo isso. Feministas dizem que a razão para que professores homens tenham melhores avaliações é sexismo; mas existem mais estudantes mulheres que homens na universidade: os homens são minoria no campus. Apesar de haver menos homens estudantes, professores homens ainda recebem avaliações mais altas. Apesar da maioria feminina nos campi, homens levam a culpa quando as estudantes dão melhores avaliações aos homens.

Por que homens recebem avaliações tão boas?

Quando homens explicam as coisas repetidamente (mesmo para pessoas que já entenderam), estamos organizando nossos pensamentos, deslocando-os, reformulando as causalidades, procurando falhas na nossa compreensão, consertando nosso entendimento, concretizando as conexões, tentando dominar o assunto em pauta (essa é uma coisa boa - não estamos fazendo isso para as mulheres; estamos fazendo pelo assunto em pauta), olhando para formas de se pôr mais acima.

Sim, homens são mansplainers. Sim, homens conseguem melhores avaliações dos estudantes. Você acha que feministas algum dia mostrarão modéstia o suficiente para sair do pedestal e notar que o sexismo não explica essa ligação? Você acha que feministas verão essa conexão um dia?


Eu amo mansplaining, e meus estudantes apreciam isso - eles me dizem isso em suas avaliações. Meus filhos amam. Quando minha filha tinha seis anos, nós levamos os seus porquês até o nível subatômico. O que a impressionou mais que as respostas (que ela lembra, ela me contou) foi o fato que nós prosseguíamos nisso, induzindo-a continuar perguntando "Mas por quê? Mas por quê? Mas por quê? Mas por quê? Mas por quê? Mas por quê?". Hoje, aos quatorze, ela fala e fala e fala e fala e fala e fala e eu mal consigo pescar uma palavra de esguelha - ela tem opinião para tudo, e a profere como um adulto, com confiança e tranquilidade.

Eu faço mansplaining com minha esposa, mas minha esposa me ama e eu a amo. Ela diz que eu falo dormindo.


Certa feita contratei uma encanadora mulher - pelo bem da equidade. Ela era muito boa, mas não fazia nenhum mansplaining. Eu queria que mulheres fizessem mais mansplaining. Eu desculpo de muito boa vontade a condescendência ostensiva e a interpreto como paixão - porque é isso o que homens fazem: somos gentis. Por que feministas não podem estender essa gentileza aos homens? Feministas são tão mesquinhas...

Então eu voltei a contratar encanadores homens. Eles fazem mansplaining. Mesmo que eu entenda o que eles explicam (e eu raramente entendo), eu venero o aspecto do olhar quando eles explicam sua arte e sua paixão pelo que sabem fazer - é quase como pequenos meninos explicando a primeira vez que transaram. Eu gosto de ouvir homens falando.

O mesmo vale para homens mecânicos de automóvel, eletricistas e carpinteiros. Eu adoro ouvi-los explicar seu trabalho e o amor que têm por ele. Isso traz à tona o menino que existe em mim; e considerando que eu estou chegando aos sessenta, eu gosto de saber que ainda existe um jovem em mim. Você sabe o que acontece quando homens chegam nessa idade, certo?


Eu tenho bolas caídas.

Mas por quê?

Diz a Lei da Gravitação de Newton:

Agora, nós tomamos essa força, dividimos pela área do arco escrotal, aplicamos as propriedades visco-plásticas da pele humana e MEU RAPAZ elas vão estar arrastando no chão quando eu tiver 70!

Mas amo minhas bolas caídas. Amo meu pênis: ele não é mais tão rígido como um giz de cera, mas é legal. Eu amo a linha azul do espectro - e a pequena pílula azul. Eu amo ser homem. Eu amo minha masculinidade.

Eu sou um mansplainer.


FootNotes - NT1: "Boring": chato, enfadonho.
META
Título Original Mansplaining
Autor J T
Link Original http://www.avoiceformen.com/feminism/mansplaining/
Link Arquivado http://archive.is/MpDHP

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

"SUMMA GENDERRATICA" por YetAnotherCommenter

SUMMA GENDERRATICA: A Anatomia de um Sistema de Gênero


Nota do autor: Este é um sumário da minha teoria sobre como o sistema de gênero da sociedade opera e como ele se originou. Sua intenção é ser um "mapa" das normas sociais sobre masculinidade e feminilidade. Eu creio que isto pode explicar todas as normas de gênero em nossa sociedade. O Movimento pelos Direitos dos Homens e Meninos requer uma teoria integrada e consistente sobre gênero a fim de competir com sucesso com a segunda e terceira ondas radicais do feminismo - esta teoria é uma tentativa de prover uma.

O que se segue não menciona cada aspecto singular do sistema de gêneros de nossa sociedade, mas eu creio que qualquer aspecto não mencionado de normas de gênero pode ser explicado com sucesso nesta teoria (sinta-se livre para propor desafios do tipo "explique esta norma como produto do sistema de gêneros" nos comentários).

Note que enquanto eu chamei este post "Summa Genderratica", eu não quero acarretar que a teoria abaixo é aceita (em sua integridade) por qualquer um além de mim mesmo. Eu apenas estou ilustrando minha teoria aqui, e isto não é para ser tomado como uma "filosofia oficial" do Genderratic como um todo. A razão para o título pe porque eu sou um idiota pretensioso e como tal eu me divirto na auto-importante conotação/referência aos trabalhos de Aquino.


Vamos à teoria!

Parte 1 - A Primeira Premissa: O Propósito das Normas Sociais


De onde surgem as normas sociais?

Esta teoria tomará como axiomático o fato que normas sociais surgem por razões de sobrevivência e praticidade. Normas sociais surgem como respostas aos desafios da existência física.

O Desafio


O sistema de gênero surgiu nos primordiais dias de nossa espécie. Durante aqueles dias, comida e recursos eram escassos, acumulá-los era difícil e propenso a falhas, e era o trabalho manual que realizava tais tarefas; trabalho físico era a fonte primária das melhorias de sobrevivência e o padrão de vida (ao contrário de hoje, onde o capital tecnológico e trabalho de conhecimento proveem isso (é notável que os primeiros protestos contra o sistema de gênero só surgiram com o Iluminismo e a Revolução Industrial... períodos nos quais a economia tornou-se menos dependente do trabalho e mais do capital devido aos avanços tecnológicos. Também é notório que os protestos contra o sistema de gênero surgiram inicialmente no meio de grupos abastados na sociedade.))

Como o trabalho físico era o meio principal de produção, a importância era voltada para meios de produzir trabalho físico, i.e. reproduzir e aumentar a população. Porém, somente uma minoria das crianças sobrevivia até alcançar a idade adulta, e para tal taxas de natalidade muito mais altas eram requeridas para aumentar o tamanho global da população.

Mas apenas metade da população poderia ter filhos.

A Resposta


Biologia combinada com a necessidade de agressiva reprodução essencialmente forçou as mulheres a se "especializar" e devotar grandes quantidades de seu tempo em engravidar e produzir crias (e quando gestantes elas eram menos móveis e portanto mais vulneráveis).

Desde que os homens não podiam realizar esta importante tarefa, eles providenciavam proteção e provisão de recursos (em essência, todo o restante).

Normas sociais se erigiram para levar as pessoas a suas tarefas guiadas pelo sexo. A "boa fêmea" e o "bom macho" eram aqueles que contribuíam para a sua sociedade cumprindo seu papel designado; a "boa fêmea" era a mãe fértil, o "bom macho" era o forte guerreiro e caçador produtivo. Estas normas sociais estavam refletidas em todas as instituições da sociedade, incluindo religião (veja os deuses guerreiros e as deusas mães para mais).

Sumário 1

  1. Normas sociais erigiram como respostas aos desafios de viver e desenvolver-se
  2. Sociedades de baixa tecnologia são dependentes de labuta física para sobreviver
  3. Taxas altíssimas de nascimento eram requeridas a fim de aumentar o suprimento de labuta
  4. Apenas metade da raça humana poderia dar à luz
  5. Papés de Gênero emergiram para encorajar especialização na base do sexo

Parte 2 - Maturidade e Gênero


Como já afirmado, a "boa fêmea" e o "bom macho" eram entendidos em termos daqueles que contribuíam para a sociedade ao cumprir seus papéis designados pelo sexo. Porém, crianças de ambos os sexos são fisicamente incapazes disso.

Uma mulher precisa estar em pós-puberdade a fim de dar à luz. Homens jovens são em média significativamente menos desenvolvidos fisicamente e portanto em geral nao têm a força necessária para sequer ter a chance de realizar com sucesso sua tarefa designada pelo sexo.

Assim sendo, existe uma associação entre maturidade e conformidade ao gênero. Uma fêmea precisa sofrer um processo de maturação biológica a fim de efetuar a contribuição feminina para a sociedade, porém este processo é essencialmente automático e é basicamente assumido ocorrer ao longo do tempo, com a menstruação servindo como um indicador biologico de aptidão para realizar a tarefa.

Com machos, as coisas são mais tênues. Proficiência ou mesmo capacidade de executar a função masculina, quanto mais executá-la bem, não são biologicamente garantidas. Além disso, não existe um indicador claro de "está pronto" entregue pela biologia masculina.

Enquanto fêmeas crescem em direção a serem mulheres, machos não crescem automaticamente em direção a serem "homens de verdade".

Feminilidade Aristotélica, Masculinidade Platônica, e a Dicotomia Sujeito-Objeto


Uma fêmea jovem simplesmente se torna mulher automaticamente, devido a propriedades inatas de sua biologia. Sua menstruação evidencia maturação. Sua mulheridade simplesmente é. Ela é assumida ser conformada ao gênero e portanto socialmente contributiva por padrão.

Um macho jovem tem de demonstrar, mediante ação, a capacidade de realizar tarefas masculinas com sucesso. Um jovem macho deve provar que "já é crescido" e tornou-se um "homem de verdade". Machos não são pressupostos serem conformes ao gênero (e portanto socialmente contributivos) por padrão; por si só, ele é apenas outra boca para ser alimentada mediante trabalho de "homens de verdade". Um homem deve validar sua homenidade por ação, caso contrário ele não é homem de fato, mas garoto (i.e. imaturo, macho-não-adulto).

Assim sendo, podemos entender corretamente papéis tradicionais de gênero como observados no essencialismo epistemológico, porém tipos diferente de essencialismo epistemológico escoram cada papel. Feminilidade é majoritariamente compreendida como inata à biologia feminina, como uma essência imanente, enquanto masculinidade é majoritariamente compreendida como um ideal a aspirar, uma "forma" da qual uma pessoa "participa" a fim de ganhar uma identidade.

É uma idiossincrasia particular da psicologia humana que tendamos a distinguir agência moral (a capacidade de fazer coisas) e a paciência moral (a capacidade de ter coisas feitas a ti) dicotomicamente, mesmo que seres humanos sejam de fato ambos. Assim sendo, a associação de agência com a homenidade combinada com o entendimento inatista da mulheridade (bem como, talvez, o fato que gravidez torna uma mulher menos movimentável e mais dependente de recursos) leva à associação da mulheridade com a paciência moral. Homens são vistos como atores, e mulheres são vistas como sendo atuadas sobre. Esta é a tradicional dicotomia sujeito-objeto.

A Dicotomia Descartável-Acalentável


Uma pessoa conformada ao seu gênero, de qualquer dos sexos, é vista como valiosa à sociedade (dado que está agindo conforme às normas orientadas à sobrevivência). Porém, supõe-se que fêmeas estão ou estarão conformadas ao gênero; mulheres naturalmente inférteis são exceção em vez de regra e portanto a pressuposição é de que qualquer mulher em particular é ou será capaz de gerar filhos em razão de sua biologia.

Assim sendo, às fêmeas é dado um valor inato simplesmente por serem fêmeas. Fêmeas são vistas como inerentemente acalentáveis já que são as incubadoras do futuro.

Machos não têm isso. Sua conformidade ao gênero não é vista como um atributo inevitável de sua maturação biológica mas em vez disso como um ideal pelo qual viver. Machos não são nem se tornarão "homens de verdade" por padrão. Assim sendo, eles nãi têm nenhum valor inato. O valor de um homem é exclusivamente contingente às consequências de sua agência, e por si só ele é completamente descartável.

Como homens são valorizados não por propriedades de sua biologia mas pelos resultados de suas ações, a morte de um homem é 'ceteris paribus' uma tragédia menor para uma sociedade que a morte de uma mulher. Afinal, quando tragédias acontecem, as contagens de mortes tipicamente especificam a porcentagem de mulgeres e crianças (i.e. o futuro).

Nossa sociedade pode entronizar seus heróis machos que se dirigem à morte para que os outros possam viver, mas como estabelecido anteriormente, normas sociais surgem para levar indivíduos a realizar tarefas socialmente benéfica; a veneração do auto-sacrifício heroico do macho é uma forma de encorajar os homens a verem suas mortes por causas nobres como uma contribuição valiosa para a sociedade, e portanto torna os homens mais propensos a morrer pelos outros.

As Normas de Gênero em uma Casca de Noz


Como consequência de tudo que foi estabelecido acima, machos são sujeitos inatamente descartáveis, fêmeas são objetos inatamente acalentáveis.

Todas as normas de gênero são em última análise redutíveis a isto.

Sumário 2

  1. Maturidade, para cada sexo, é conceitualizada como conformidade ao gênero
  2. Maturidade feminina é vista como um resultado natural de seu desenvolvimento biológico
  3. Maturidade masculina não é vista como garantida, mas em vez disso como algo provado/conquistado
  4. Homens agem, mulheres são, pois a homenidade é sobre agir e a mulheridade apenas "é"
  5. Como conformidade ao gênero é vista como valiosa e mulheres são inatamente conformadas ao gênero, mulheres são vistas como inatamente valiosas.
  6. Como homens não são inatamente conformados ao gênero, homens são vistos como inatamente prescindíveis
  7. Ergo, a dicotomia sujeito-objeto é sobreposta com a dicotomia descartável-acalentável, lançando machos como sujeitos inatamente descartáveis e fêmeas como objetos inatamente acalentáveis

Parte 3 - Algumas Implicações Avançadas

Agência e Poder Feminino


Cada um deriva um senso de poder - usado aqui como significando eficácia ou competência - quando efetua com suceso uma tarefa que tem o resultado final de fornecer suas necessidades. Isto faz sentido evolutivo - se coisas que elevam a sobrevivência não dessem prazer e coisas que mitigam a sobrevivência não causassem dor, um organismo teria menos chance de sobreviver.

Mas a realização de tarefas foi tipicamente atribuída aos machos; feminilidade não foi associada com agência e devido à utilidade reprodutiva inata da mulher, mulheres foram mantidas em segurança e longe de perigo potencial onde fosse possível (o que, por sua vez, gerava uma pressuposição auto-consolidada (e talvez de certo modo auto-realizável) de competência feminina diminuída - uma suposição que era de certa forma verdadeira durante a gravidez (e pode ser talvez verdadeira em média com tarefas que requeiram força corporal muito grande) mas claramente tornou-se exagerada e supergeneralizada).

Porém, todo ser humano tem necessidades materiais para sobreviver, e essas necessidades materiais devem ser satisfeitas mediante ação (comida deve ser adquirida, proteção deve ser encontrada). Então, como poderia uma mulher, alguém culturalmente percebida como e encorajada à direção de permanecer deficiente em agência, adquirir tais necessidades?

A resposta é que mulheres são encorajadas a confiar nos homens, e não mramente no sentido passivo, mas ativamente recrutar a agência dos machos para prover o de sua sobrevivência. Poder masculino é então equacionado a qualquer coisa que eleve agência favorável/competente (p.ex. músculos grandes), e poder feminino é equacionado a qualquer coisa que melhore o alistamento de agentes favoráveis/competentes. Poder masculino é o que aumenta a agência, poder feminino é aquele que aumenta a aquisição e preservação da agência de forma indireta.

O sistema de gênero, portanto, sempre conteve uma forma de poder feminino - i.e. formas pelas quais mulheres podiam agir para servir suas necessidades materiais. Enquanto reservava aquisição direta mediante agência para os homens, o sistema também reservava agência por via indireta para mulheres.

Hierarquia Masculina


O entendimento social de homenidade como um ideal platônico a se aspirar explica o fato de como podem existir "homens melhores" e "homens piores" (enquanto homens), bem como o porquê de machos biológicos podem não ser "homens de verdade" - o uso do "de verdade" como significando "ideal" é revelador.

Como a masculinidade é é demonstrada realizando certas tarefas, homens são classificados de acordo com o quão bem cumprem tais tarefas. Homens são classificados por outros homens e por mulheres - sua identidade de gênero é pesadamente sujeita à revogação e validação sociais. Isto significa que a "real homenidade" é uma posição social que é hierárquica,competitiva e dependente do coletivo, e homens podem ser socialmente emasculados a qualquer momento. Identidade masculina é feita contingente à competição entre si e os outros a fim de provar que se é "um homem melhor".

Como estabelecido acima, maturidade é ligada à "real homenidade" mas maturidade social é mais uma vez socialmente validada devido ao fato que o desempenho masculino nas tarefas não é biologicamente garantido - isto significa que machos mais velhos (pais em particular) são postos em uma posição de avaliadores de onde eles julgam os machos prospectivos a fim de separar "garotos" de "homens".

A hierarquia masculina pode ser efetivamente dividida em três categorias básicas (da mais baixa à mais alta posição social)
  • Machos que não são homens de verdade. Os socialmente emasculados. Garotos. Machos ômega.
  • Machos que são homens de verdade mas não são capazes de revogar a posição de outro homem de verdade. Machos beta.
  • Machos que são homens de verdade com a capacidade de revogar a posição de outros homens de verdade. Machos alfa.

A divisão entre os dois últimos é contextual e geralmente dependente de outros arranjos institucionais bem como dos machos em volta - alguém pode ser alfa em uma hierarquia e ômega em outra.

Este arranjo bem ironicamente compele o beta a ser submisso ao seu alfa a fim de evitar ser classificado como ômega. Em outras palavras, o gênero masculino não é totalmente sobre dominância mas em vez disso demanda submissão a homens melhores.

Gêneros Sociais


Tipicamente, "gênero" é visto como binário - como uma referência à masculinidade ou feminilidade. Porém, isso é difícil de reconciliar com a situação acima - machos que não são "homens de verdade" não são tratados como tendo homenidade (i.e. eles não contribuem com vlor masculino). Eles são "garotos" em vez de homens, de acordo com o sistema de gêneros.

Eles não recebem muitos aspectos do 'privilégio masculino' porque muito do 'privilégio masculino' é de fato 'privilégio para homens de verdade'. E enquanto eles são socialmente emasculados não recebem privilégios femininos também, porque devido à sua biologia eles não podem realizar a tarefa feminina essencial de gerar filhos.

Resumindo, homens socialmente emasculados não são vistos como masculinos ou femininos mas em vez disso são notados, tratados e categorizados como um terceiro gênero. Eles não são nem homens nem mulheres (socialmente falando, em vez de biologicamente).

Parte 4 - Desafios


Há diversos problemas clássicos em estudos de gênero que qualquer exame prospectivo do sistema de gêneros precisa explicar. Abaixo, eu tomo diversos estudos desses fenômenos e reconcilio-os com a teoria proposta acima.

O Duplo Padrão da Promiscuidade


O Duplo Padrão da Promiscuidade (doravante DPP) de nossa cultura é bastante conhecido; um homem é visto como valioso e viril por dormir com muitas, mas uma mulher é vista como degradada e vagabunda barata por fazer o mesmo.

Tipicamente, DPP é tratada como uma construção unitária - como se os imperativos de gênero do DPP surgissem de uma mesma fonte. Isto é contra-intuitivo pois os imperativos do DPP estão em conflito - homens são encorajados a sair com muitas e mulheres são desencorajadas, significando portanto que homens não podem aquiescer com o sistema sem as mulheres falharem em aquiescer (e vice-versa). O DPP certamente não está nos interesses do homem, dado que encoraja mulheres a impedir os homens de serem pegadores (mediante a retenção de acesso sexual).

Análise feminista típica vê o DPP como um construto masculino inventado para controlar a sexualidade feminina. O fato que interesses dos homens não são servidos encorajando a castidade feminina complica esta explicação, mas ela complica ainda mais pelo fato empírico que a maioria da difamação relacionada à promiscuidade sexual é perpetrada por mulheres contra si mesmas. Se homens criaram e compelem o DPP, seria de se esperar que eles são os maiores difamadores de vadias.

Assim sendo, pode ser mais preciso ver o Duplo Padrão de Promiscuidade não como um construto simples, mas como dois construtos distintos, propostos e compleidos por partidos diferentes para propósitos diferentes.

Uma coisa interessante acerca do conceito de "vadia" é que mulheres que são vadias são vistas como "desvalorizando-se ou rebaixando-se a si mesmas" - elas são vistas como liberando aceso sexual de forma muito fácil (i.e. dando de graça uma coisa boa sem obter muito em troca). Vamos observar a moldura transacional aqui: um mercado existe, mulheres são as fornecedoras do acesso sexual e homens são o lado da demanda na equação. Mulheres são encorajadas a não dar sexo "com tanta facilidade", i.e. elas são encorajadas a receber algo em troca de sexo. Majoritariamente são mulheres que escandalizam outras mulheres por dar sexo fácil.

De uma perspectiva econômica, estamos vendo uma configuração de cartel; vendedoras confabulando entre si para elevar o preço do sexo ao restringir a quantidade de acesso sexual que está imediatamente disponível.

Então, qual é o 'preço' do sexo? Como explicado acima, mulheres são encorajadas a recrutar a agência masculina a seu serviço, dado que o sistema de gênero as desencoraja a desenvolver o seu próprio. Portanto o preço do sexo é a agência masculina, tipicamente emoldurada como um relacionamento compromissado. Quando mulheres são promíscuas e portanto "dão fácil demais", a pressão competitiva derruba o preço do sexo e portanto danifica os interesses femininos (como tradicionalmente entendidos).

As implicações aqui são bastante deprimentes; já que mulheres são encorajadas a experimentar poder mediante recrutamento da agência masculina, promiscuidade opõe-se ao poder feminino tradicional erodindo a posição de barganha das mulheres. Mulheres sao encorajadas pelo sistema tradicional de gêneros a experimentar sua sexualidade sendo vencidas e conquistadas, em vez de obtendo algo que elas desejam (i.e. satisfação sexual). Mulheres também são encorajadas a ver homens como adversários, e a ver a defesa da liberação sexual feminina por parte dos machos como uma ameaça à sua segurança material ("eles apenas querem sexo fácil, esses cafajestes!").

Em conclusão, o DPP não foi "inventado pelos homens" - pelo menos metade do DPP é um padrão mantido pelas mulheres intencionado a sustentar o poder feminino tradicional mediante a preservação do valor do sexo e portanto maximizando a agência que as mulheres podem recrutar em retorno por conceder acesso sexual. Os imperativos do DPP conflitam entre si, e o transacionalismo sexual implícito do DPP estabelece uma situação adversarial que sabota a satisfação sexual para ambos os sexos.

O Duplo Padrão de Conformidade de Gênero na Infância


Um duplo padrão comum em nossa sociedade é aquele relacionado à conformidade de gênero entre crianças. Observe a facilidade com que nossa sociedade aceita meninas passando por uma fase tomboy. Compare isso com a preocupação que acompanha qualquer menino que possa querer brincar de bonecas. É um "isso é normal, ela vai crescer e deixar essas coisas em alguns anos" para a jovem menina que quer brincar com os meninos, mas se um garoto confessa gostar de rosa ele é imediatamente suspeito de ser homossexual ou uma falha de gênero.

Esta é uma cnsequência óbvia do fato que maturação biológica da fêmea (e portanto conformidade de gênero) é visto como uma coisa automática que "simplesmente acontece". Como mulheridade é vista como biologicamente inata, as ações da mulher não são vistas como a fonte primária de valor com a qual ela possa contribuir para a sociedade.

Maturação biológica masculina, por outro lado, não é garantia de ser capaz de realizar as tarefas socialmente requisitadas para o macho. Ser um "homem de verdade" (i.e. capaz de contribuir com virtude masculina para a sociedade) não é algo biologicamente garantido. Desde qe conformidade do gênero masculino é avaliada não pelo que ele é mas pelo que ele faz, as ações de um homem colocam todo seu valor social em risco.

Muitos teóricos de gênero argumentam que a sociedade se preocupa mais com os machos porque nossa sociedade alegadamente valoriza tratos masculinos em detrimento dos femininos; isto conflita com o fato que tratos femininos são elogiados quando são exibidos por mulheres (e também conflita com o fato que historicamente as sociedades têm sacrificado os homens para proteger as mulheres; sociedades não sacrificam membros de alto valor por membros de menor valor). Biologia implica que um homem que age como fêmea não pode realizar a tarefa feminina principal socialmente estabelecida (dar à luz), e portanto para ele ser feminino representa um potencial perdido (mas quando uma mulher age femininamente isso não é uma ameaça). Portanto, um homem que age de forma feminina não é notado como uma mulher social, mas como um neutro social (um macho ômega).

Porém, dado que tanto homem quanto mulher são (de fato) agentes e a virtude masculina é dependente não do que se é mas do que se faz, fêmeas podem de fato contribuir com valor masculino em algum grau pelo menos (e o movimento feminista tem tem influenciado as pessoas a aceitar a realidade da agência feminina, e até mesmo celebrar quando mulheres trangridem papéis de gênero). Como tal, mulheres podem "acrescer valor" mediante a não-conformidade de gênero, enquanto homens não; fêmeas podem ser socialmente andróginas enquanto homens (devido sua incapacidade de realizar a tarefa feminina principal sob o sistema de gênero) só podem ser neutros sociais.

Portanto, é a Dicotomia Sujeito-Objeto (e não qualquer suposta valoração da masculinidade como superior à feminilidade) que forma a base para o Duplo Padrão de Conformidade de Gênero na Infância.

O Complexo Madonna-Whore e Evaluações do Caráter Moral em Gênero


Nosso sistema de gênero influenciou os padrões éticos que são colocados em ambos os sexos. No caso deste problema, enquanti homens são sujeitos aos padrões éticos normais, as mulheres não o são; questionamentos sobre o caráter de uma mulher são inteiramente centrados em volta de ela ser ou não casta.

Este é um subproduto óbvio da dicotomia sujeito-objeto, que classifica mulheres como pacientes morais. Como mulheres não são vistas como agentes morais, elas não tratadas como sujeitas a padrões morais ou como se possuíssem capacidade para grande virtude moral (ou vício).

Difamação de promiscuidade debaixo do sistema de gênero é explicada acima, porém é óbvio que as normas religiosas influenciara, o Complexo Madonna-Whore (é só olhar o nome!). Religião é um sistema separado do de gênero (apesar de ambos claramente interagirem), e religiões abraâmicas monoteístas condenam a promiscuidade em ambos os sexos (não somente mulheres). Mulheres, porém, são difamadas sob ambas as normas, a religiosa e a de gênero, enquanto homens são difamados por transar "por fora" em um conjunto de normas mas são elogiados por fazer essa mesma coisa diante do outro sistema.

Esta confluência das normas de gênero e religiosa, aliada à objetificação da mulher debaixo do sistema de gênero, explica por que a castidade e promiscuidade são tão fortemente enfatizadas em discussões sobre o caráter da mulher: mulheres tipicamente são liberadas da obrigação com os padrões relacionados a outros assuntos (minimizando tanto seus vícios quanto suas virtides), então o padrão Madonna-Whore preenche esse vácuo.

Conclusão


O texto acima é um sumário de toda minha teoria de gênero como expressa em todos os meus artigos anteriores. Eu acredito ser esta uma explicação superior do sistema de gênero, para ambos os sexos, que as teorias correntes aceitas na maioria dos departamentos de estudos de gênero. Retornos, comentários, sugestões e críticas são encorajados.

META
Título Original SUMMA GENDERRATICA: The Anatomy of the Gender System
Autor YetAnotherCommenter
Link Original http://honeybadgerbrigade.com/2014/02/27/summa-genderratica-the-anatomy-of-the-gender-system/
Link Arquivado https://archive.today/RHsei

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