segunda-feira, 10 de julho de 2017

GirlWritesWhatSelecta - 2

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BigBigHoe

Eu nunca vi um artigo, ou um TIL [1] ou qualquer forma de história indicando que ADHs estão de fato fazendo algo e angariando fundos e organizando-se para fazer uma mudança nesses problemas. Eu apenas ouço estas questões sendo trazidas a lume pelos ADH quando eles tentam argumentar que mulheres não são oprimidas e nem são sujeitas a discriminações reais. [E]

Earl Silverman fez. Ele botou para funcionar uma linha-de-crise para homens abusados do seu próprio bolso por vinte anos. Durante esse tempo, ele conseguiu um crédito do governo de $800.

Quando ele quis abrir um abrigo, ele aplicou para o departamento de saúde e serviços humanos do governo da província (HHS; eles são o único corpo que realmente concedem fundos para essas coisas). Eles disseram que tinham que obter aprovação do ministério federal responsável pela Situação das Mulheres (SOW - status of women) antes que pudessem liberar quaisquer fundos.

Veja, no Canadá violência doméstica é considerada uma "questão feminina" e qualquer negócio do governo que possa impactar mulheres deve ser vetado pela SOW.

A SOW falou para ele ir passear. Elas disseram que o mandado delas era lidar com questões que se referem a mulheres, e vítimas masculinas não tinham nada a ver com elas - volte ao HHS provincial e pergunte lá.

Ele disse que tinha feito isso, e eles o enviaram à SOW. Eles disseram que não tinham nenhuma ordem de liberar fundos para homens. Então ele voltou ao HHS e eles lhe disseram que como a violência doméstica era considerada uma questão feminina, eles não podem liberar fundos para um abrigo masculino sem a aprovação da SOW.

Quatro anos se passaram nesse vaivém. Finalmente, em 2006 se não me engano, ele apresentou uma ação na Comissão de Direitos Humanos (HRC - human rights commission). Ele afirmou que o governo estava discriminando contra homens. A HRC é interessante, porque eles têm largos poderes discricionários (eles podem confiscar propriedades sem mandado judicial), podem aplicar multas massivas quando encontram um caso de discriminação, podem registrar estas multas em uma corte comum e neste ponto se você não vai ou não pode pagar, você vai preso, e um monte do que acontece ali não é matéria de anotação pública.

De qualquer forma, sua primeira tentativa de audiência, em estágio preliminar, ele representou a si mesmo e estava contra dois advogados: um do HHS e outra do Alberta Provincial Network of Women's Shelters (estas nobres feministas).

Eles argumentaram com sucesso que, apesar de estatísticas do governo indicarem que quase metade das vítimas de violência doméstica são homens, ele não demonstrou a necessidade de tais abrigos. E adicionalmente, desde que não existia um corpo do governo cuja responsabilidade seja financiar serviços de violência doméstica para homens, não existia nenhum corpo formal do governo para ele processar. Também, no Canadá não é ilegal discriminar contra homens. Mesmo o governo tem permissão para essa discriminação.

Earl teve sua audiência negada.

Ele não desistiu. Ele abriu um abrigo em sua própria casa com seu próprio dinheiro. Ele tentou (não muito bem, dado que ele não era entendido de internet) publicizar e obter doações. Ele estava tão desprovido de grana que teve que cobrar $20 por noite dos homens para cobrir os custos com as refeições. Mas ele fez. Ele recebeu homens, alguns deles com crianças. Ele fez isso a fim de poder rebater o argumento de que não havia necessidade. Se ele abrisse um abrigo para homens abusados e homens abusados começassem a aparecer, então obviamente havia uma necessidade. Talvez não para igual financiamento, mas para alguma coisa que seja. A província recebe dezenas de milhões de dinheiro de impostos para serviços de violência doméstica para mulheres todo anos (eu já vi algumas estimativas de centenas de milhões), e o diretor médio de um abrigo recebe seis dígitos. Earl queria fundos operantes suficientes para manter as portas de um abrigo abertas.

Ele também construiu um argumento legal que ele pensou que funcionaria, e foi uma segunda vez para o HRC.

Precedentes Jurisprudenciais são uma coisa ardilosa. Pense nisso: A Ação Judicial 1 alega que mulheres estão em desvantagem, e o querelante vence e a desvantagem é remediada. Quando a Ação Judicial 2 está sendo discutida, eles apontam a Ação Judicial 1 e dizem "este julgado claramente reconhece a desvantagem contra as mulheres". Eles vencem, ainda mais facilmente que a Ação Judicial 1, porque agora a desvantagem das mulheres é uma matéria da jurisprudência. Então paralelamente vem a Ação Judicial 3. Eles apontam as duas decisões anteriores, ambas indicando em termos inequívocos que mulheres são desprivilegiadas, e seu caso é ainda mais fácil de vencer - ainda que ambas as desvantagens tenham sido remediadas. Cada caso que as feministas têm vencido melhorou as desvantagens das mulheres, mas reforçou sua posição como pessoas desprivilegiadas diante da lei. E em razão de como a nossa Carta de Direitos e Liberdades foi escrita, isso pode prosseguir indefinidamente.

Earl estava novamente representando a si mesmo contra dois advogados nos procedimentos preliminares que determinariam se ele obteria uma audiência.

Ele argumentou que as coisas mudam. A Justiça não é uma coisa estática, é orgânica. Como uma árvore, alguns ramos secam e outros se formam. Não seria possível que as desvantagens das mulheres tenham sido remediadas tal que agora os homens é que estejam sofrendo injusta discriminação? Ele argumentou que havia uma necessidade. Ele abriu um abrigo, vítimas masculinas tomaram refúgio ali.

E novamente ele teve sua audiência recusada.

Neste ponto ele estava desesperado em ter obtido todo esse fiasco no registro público, então ele empregou o que ele chamou de "Gambito [2] Rosa Parks". Ele redigiu uma citação aonde fez uma ameaça inverossímil contra um dos advogados da oposição. Eu creio que foi algo na linha de um "Se X, eu vou arrancar sua face". E claro, ele pesquisou no Google sobre se era realmente possível arrancar a face de alguém. Ele queria ser preso. Ele queria ser processado. Porque então, tudo o que ele fez estaria nos registros públicos.

A Polícia veio e apreendeu seus computadores, todos os arquivos, cada lasca de tudo que ele fez nos últimos anos. Eles o prenderam e o processaram. E, acredito eu, no decorrer de coletarem seus e-mails e pesquisar no histórico, descobriram o que ele pretendia fazer. Os processos foram silenciosamente descartados.

Mais ou menos um ano depois, incapaz de manter os pagamentos da hipoteca, ele foi forçado a vender sua casa. No dia que o novo morador tomou posse, ele encontrou Earl enforcado na garagem.

Este cara literalmente tentou fazer as coisas. Ele enfrentou o ministério federal responsável pela situação das mulheres, o departamento provincial de saúde e serviços humanos, e advogados contratados pela rede provincial de abrigos para mulheres, bem como uma Carta de Direitos e Liberdades canadense que permite discriminação contra homens, e quarenta anos de jurisprudência justificando e reforçando isso.

Mas si. A rede de abrigos para mulheres de Alberta arrecada $250 milhões anualmente (por uma das estimativas que vi), e Earl conseguiu uma única concessão de $800 no decurso de vinte anos de advocacia e mundo real, na assistência de base para homens abusados.

Por volta de uns oito anos antes de sua morte, Earl estava numa apresentação pública chamada Alberta Prime Time discutindo acerca das vítimas masculinas. A então chefe da rede de abrigos para mulheres, Jan Reimer (que era um tipo de celebridade local) foi convidada. Ela declinou. Produtores da apresentação falaram a ele, detrás das câmeras, que ela lhes disse que comparecer para discutir sobre vítimas masculinas levaria à falsa legitimidade da noção que tais vítimas existem.

E claro, depois de sua morte, feministas saíram da toca para a mídia mainstream a fim de retratá-lo como um maluco com um parafuso solto que era difícil e hostil e simplesmente "não queria trabalhar por dentro do sistema". Que compassivo da parte delas.

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[1]TIL = Today I Learned - uma comunidade do reddit onde as pessoas comentam curiosidades que aprenderam por acaso.
[2]"Gambito" é como os enxadristas chamam, genericamente, estratégias de sacrifício, onde eles abrem mão de uma peça (um peão, um cavalo, uma rainha &c.) a fim de obter algo mais vantajoso no futuro (e.g. um xeque-mate ou uma peça mais valiosa).
[E]Contexto: o redittor BigBigHoe fez esse comentário, ao qual Karen respondeu com este post.

META
Autor Karen Straughan
Link Original https://www.reddit.com/r/Documentaries/comments/6b40ud/the_red_pill_2017_movie_trailer_when_a_feminist/dhkng70/
Link Arquivado http://archive.is/U0VeL

sábado, 8 de julho de 2017

GirlWritesWhatSelecta - 1

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Neste post, Karen responde um comentário falando sobre aquela velha lorota de "as feministas da primeira onda tinham um ideal justo e puro", que tenta sempre isentar as feministas de suas visões classistas, elitistas e supremacistas - resumindo: a luta por "iguais direitos" nunca existiu.

É óbvio que o feminismo foi iniciado por pessoas que não tinham os mesmos direitos que os homens. Homens e mulheres tinham conjuntos distintos de direitos.

Então vamos olhar para maridos e esposas (pois esta é a principal área onde homens e mulheres tornaram-se sujeitos da direitos diferentes).

Uma mulher tinha direito ao suporte financeiro do seu marido. Um homem não tinha direito ao apoio financeiro de sua esposa. Um homem tinha o direito de administrar a propriedade de sua esposa. Uma mulher tinha o direito a um interesse vitalício sobre na propriedade de seu marido (direitos de dote).

Então, basicamente o marido tinha o direito de administrar a renda e propriedade de todos os membros da família (sua esposa e seus filhos). Ele também tinha a responsabilidade de suportá-los no melhor de sua capacidade. Se os impostos não fossem pagos, ele seria penalizado por evasão de divisas, sua família não. Se os débitos da família entrassem em incumprimento, ele era enviado para a prisão dos devedores, sua família não.

Começando em 1860 no Reino Unido e propagando-se daí, as leis de propriedade marital foram reescritas. Isto deu às mulheres "direitos de propriedade iguais" no âmbito do casamento.

É claro que isso não é precisamente o que alguém chamaria de igual.

Primeiro, homens ainda eram 100% responsabilizados pelo suporte financeiro à esposa e aos filhos -- ainda era seu trabalho prover todas as suas "necessidades".

Anteriormente, ele teria a propriedade e renda da esposa e filhos à sua disposição a fim de habilitá-lo a fazer isso. Agora, a renda e propriedade de sua esposa era dela e dela somente, e ele não tinha nenhuma pretensão de direito sobre tais coisas e nem tinha direito algum de tocar nelas (ou sequer ser informado delas).

Debaixo desse novo conjunto de lei, ela ganhava os direitos do homem mas não as responsabilidades. De fato, se ocorresse um período (digamos que ele acabasse desempregado ou perdesse dinheiro em um investimento) onde ela fosse forçada a sustentar a ele, às crianças ou mesmo a si mesma com sua própria renda, ela tinha uma pretensão legal válida contra a propriedade dele para reembolso.

Isso levou a um número de desastres, um dos quais foi aproveitado pelas suffragettes no Reino Unido nos anos 1910 ao longo do ativismo de resistência à tributação. O lema delas era "sem voto, sem imposto", porém, embora a propriedade e a renda das mulheres casadas era tributada, as mulheres que detinham essa propriedade e renda não eram aquelas responsabilizadas por pagar as taxas sobre ela. Isto era considerado uma "necessidade" e portanto caía debaixo do guarda-chuva das responsabilidades do marido. A única maneira de absolver um homem dessa responsabilidade era mediante um divórcio onde ele tinha causa, o que era extremamente difícil de assegurar (e algumas vezes nem isso o absolvia).

Talvez o caso mais famoso desse tipo foi o de Mark Wilks, um professor de escola, e sua esposa Dra. Elizabeth Wilks, uma médica. Ele foi aprisionado por evasão de divisas quando sua esposa recusou-se a pagar os impostos dela mesma. Não apenas ele era incapaz de pagar os impostos sobre a opulenta renda de sua esposa com seu salário de professor (depois de pagar tudo o mais, dado que era seu dever como marido, não esqueça disso), em sua defesa diante das cortes ele atestou que mesmo que ele fosse capaz de proporcionar esse pagamento, ele era praticamente incapaz de fazê-lo porque sua esposa recusava-se a providenciar-lhe a documentação que ele precisava a fim de calcular os impostos e pagá-los. E a lei daquele tempo não lhe dava o direito de sequer demandar a documentação da renda dela a fim de que ele pudesse pagar os impostos dela.

Da parte dela, ela deu muitas entrevistas com jornalistas encorajando outras mulheres suffragettes, que ela descrevia como sendo quase totalmente "mulheres de posses" a seguir seu exemplo e recusar-se a pagar seus tributos e transformar seus maridos em ativistas de prisão involuntários.

Depois de passar algum tempo na prisão, a saúde do Sr. Wilks, que já não estava muito boa para começo de conversa, começou a deteriorar. Ele foi liberado sob fundamentação humanitária e morreu alguns meses depois.

Então você tinha literalmente uma mulher médica ricaça que era legalmente intitulada ao suporte do seu marido menos rico. Ela não tinha nenhuma obrigação financeira com respeito a si mesma, nem mesmo para si mesma, nem para o governo. E ela sentou-se e assistiu seu marido enfermo adoecendo na prisão enquanto assentada em dinheiro mais que suficiente para pagar os impostos devidos à sua renda que eram responsabilidade dele pagar. Não apenas ela julgou ser isso uma coisa boa, ela recomendou isso a outras suffragettes ricas.

Eu tenho visto algumas feministas responderem a esse caso com o argumento de que mulheres como a Dra. Wilks estavam lutando pela igual responsabilidade das mulheres (em pagar seus próprios tributos), mas não há nada nos contratos das sociedades de resistência à tributação, nem em qualquer documentação deste caso em particular, indicando que este era um objetivo. O ponto dessas sociedades era coagir o governo a dar o voto às mulheres, e não coagir o governo a forçar as mulheres a pagar seus próprios impostos.

Agora você pode argumentar que mulheres devem ter direitos de renda e propriedade iguais aos de seus maridos e que a reforma das leis era necessária. Eu não contestarei isso. Mas sinto informar que o feminismo de primeira onda não tinha interesse algum em abordar as grandes responsabilidades impostas sobre os homens, quanto mais removê-las.

Nos anos 1970, muitas dessas responsabilidades em homens permaneceram em voga nos EUA. Phyllis Shlafly dirigiu um balanço da opinião pública contra a passagem da Equal Rights Amendment [1] baseada parcialmente no fato que a ERA não daria direitos legais às mulheres que elas já não tivessem, mas removeria privilégios, intitulações e isenções que elas desfrutavam em razão de seu sexo, incluindo o direito de ser financeiramente sustentadas pelos maridos e o direito de não ser responsabilizada pelos débitos maritais. E mulheres ainda têm direitos de dote em alguns estados como Michigan que permitem-lhes legalmente impedir seus maridos de vender qualquer peça imobiliária porque a esposa está intitulada a continuar vivendo na propriedade às custas do marido se ela assim decidir.

"Por que isso importa?", você pergunta mais abaixo. Isso importa porque a figura completa importa, e não um pequeno pedaço dela.

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[1]Emenda de Direitos Iguais; como o nome tenta sugerir, foi uma emenda proposta a fim de impedir discriminações legais em razão do sexo. Antes que a emenda alcançasse a meta para ser devidamente promulgada, Phyllis de fato organizou um movimento para impedir sua concretização. Entre muitas das razões contrárias à ERA, havia o financiamento público ao aborto, leis acerca do serviço militar e também a outras tantas leis que privilegiam mulheres "por serem mulheres" - e até mesmo algumas que privilegiam homens, como certos benefícios concedidos aos veteranos militares (que, por mero acaso, são majoritariamente homens).

META
Autor Karen Straughan
Link Original https://reddit.com/r/PussyPass/comments/54b5af/_/d81yx8h
Link Arquivado http://archive.fo/CLXKR

Masculinidade Tóxica e Feminilidade Tóxica [Karen Straughan]

Transcrição do Meu Discurso na Simon Fraser University Transcrição do Meu Discurso na Simon Fraser University Masculinidade Tó...