quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

GirlWritesWhatSelecta - 19

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\#MeToo, em minha opinião, teve origens nobres.

Quando o caso Weinstein veio à tona, não foi uma questão de um par de mulheres vindo a público, vomitando suas histórias em um jornalista, e com o jornalista apenas regurgitando-as para o público. A peça da Times que lançou a história foi o resultado final de uma longa investigação, onde os jornalistas seguiram uma trilha de disputas estabelecidas e acordos de não-divulgação excessivamente abertos (em alguns casos, o demandante estava legalmente impedido de discutir o incidente com o esposo ou o terapeuta). A rede de fofocas de Hollywood estava murmurando sobre Weinstein por anos. Ele tinha uma reputação de não apenas explorar jovens atrizes aspirantes, mas de atacar homens que o irritavam, e de boicotar e banir pessoas de ambos os sexos que cruzavam seu caminho.

Eu tinho meus próprios sentimentos acerca das mulheres envolvidas – você sabe, aquelas que assinaram estes acordos e ultimamente permitiram que ele continuasse a explorar outras mulheres. É um pouco chocante, quando você está lidando com alguém tão poderoso quanto ele, dizer que ele deveria abrir o bico em vez de pegar o pagamento e calar a boca, mas ao mesmo tempo, eu certamente desejaria que um ou dois o fizessem.

Não sei se você sabe, mas o #MeToo espalhou-se pelo mundo anglófono, e a reação automática e linchamento das mídias sociais (Twitter em especial) tornou isto em uma coisa horrenda.

Ansari nem é o pior disso.

Uma mulher jornalista do UK, ponderando sobre o #MeToo, publicamente disse algo mais ou menos como "ok, anos atrás estava entrevistando este deputado 1, e ele tocou meu joelho algumas vezes. Eu disse a ele que da próxima vez que ele fizesse aquilo eu o socaria no nariz. Ele parou e desculpou-se e temos sido bons amigos desde então. Como nesse mundo há mulheres por aí que ficam traumatizadas por anos acerca de coisas ainda mais triviais? Como é que as mulheres são vistas como frágeis demais para dizer a um homem "Não estou interessada"?"

O deputado foi demitido. A turba linchadora tomou a ofensa em nome dessa mulher, decidiu por ela que ela deve ter se sentido violada e desumanizada, e acima de suas objeções ganhou a cabeça do cara numa bandeja. Quero dizer, ela obviamente estava sofrendo de misoginia internalizada, correto?

Temos uma deputada no Canadá que descreveu o extremo trauma que ela sofreu por anos acerca de uma foto que ela fez ombro a ombro com outros deputados. Um deles (homem) fez uma piadinha, "essa não era exatamente a minha ideia de um relacionamento a três", ou algo do tipo. Ela aparentemente ainda está afetada por isso. Ainda sofre os vapores sempre que rememora isso. Eu estou pasmada que qualquer pessoa possa ficar traumatizada pela vida toda por uma piadinha grosseira. Estou chocada que esta pessoa ocupe uma posição de poder. Puta que pariu, faz alguns anos tivemos um terrorista armado com automáticas invadindo o Parlamento. Ele seguiu até as portas das Câmaras onde estava presente a maioria dos nossos parlamentares antes de ser atingido. E ainda assim esta mulher ainda tem tremores de suas rememorações de um cara que fez uma piadinha de mau gosto? Uma piada que meu filho de 15 pensaria ser o oposto de "irada"?

Esta caça às bruxas estava sendo montada já tem um tempo. Há alguns anos um estudo de um punhado de campi foiliberado e a mídia imediatamente anunciou que uma em cada quatro mulheres na América foi vítima de abuso sexual. O problema é que a pesquisa usada no estudo tinha uma taxa de resposta de menos de 19%. Mais que isso, havia uma cifra na pesquisa que podia ser comparada a um número conhecido.

O Clery Act exige que escolas revelem todos os seus reportes de incidentes criminais para o governo federal. Este é nosso número conhecido.

O estudo perguntava às mulheres que afirmaram foram atacadas se reportaramk ou não o ataque às suas escolas. Se você extrapolar a porcentagem de respondentes que disseram que foram atacadas e reportaram isso para suas escolas, aplicar isso à população geral de mulheres estudantes nos EUAe multiplicar quatro anos de curso, você obtém uma cifra que é nove vezes o número real. Mesmo que assuma que todo reporte feito para uma escola e revelado sob o Clery envolve uma vítima feminina, e que cada pessoa que não preencheu a pesquisa não foi atacada, estes números ainda estão bem exagerados. O estudo ainda extrapola por volta de duas vezes o tanto de reportes realmente ocorridos anualmente.

Nós estamos nos espasmos de um potencial pânico moral, e o problema com pânicos morais é que pessoas inocentes estão propensas a se encontrarem no lado errado deles. Mais de uma centena de pessoas foi processada durante o "Pânico Satânico" dos anos 1980, quando péssimos métodos de terapia e investigação fomentaram uma crença pública de que trabalhadores de creche estavam vestindo-se em roupões pretos, estuprando analmente crianças com facas de trincha em plena luz do dia enquanto transeuntes nada faziam, e sacrificando bebês para usar sua gordura derretida na feitura de velas. Sem brincadeira. Pessoas acreditavam nessas coisas, e o mantra na mídia era que "crianças não vão mentir sobre essas coisas".

Qualquer um que sequer levantasse questões ou dissesse "talvez devêssemos ir mais devagar e olhar de verdade para alguma evidência além deste depoimento prefabricado de criancinhas …" era exposto como pedófilo ou apoiador de pedófilo. Digo, certamente, algumas dessas crianças descreviam seus "estupradores" como se eles estivessem voando em vassouras, e descreviam túneis e câmaras subterrâneos elaborados que nunca foram encontrados mesmo após intensas escavações … se você duvidasses dessas crianças, você era uma pessoa ruim e merecia ser boicotada.

Se eu me lembro, há poucos anos, ainda existia pelo menos uma pessoa na prisão, esperando exoneração por causa desse travestismo. Acerca de um abuso sexual que nunca aconteceu.

Se tivermos sorte, Aziz Ansari irá quebrar o #MeToo. Especialistas da direita (que têm razão para enquadrar o #MeToo) e da esquerda (que têm razão para odiá-lo) têm dito "mas isso é ridículo. Isso não foi abuso. Foi um encontro ruim, nada mais, e francamente, a melhor pista não-corporal que você pode dar a alguém se não quer trepar é não tirar as roupas, ou vesti-las. Ah, e também não chupar o pau dele duas vezes".

Estas coisas têm um jeito de sair do controle. Geralmente, pessoas não se acalmam até que elas parem para respirar e notem todos os corpos de inocentes se empilhando.

Enquanto isso, no Canadá, em resposta a uma absolvição perfeitamemte justificável em um caso de abuso sexual de alto perfil, foi introduzida nova legislação que tornará virtualmente impossível mesmo para um homem inocente montar uma defesa afirmativa contra a acusação de abuso sexual. Um juiz foi forçado da própria mesa e está lutando para reter seus direitos de praticar lei em razão de uma simples sentença que ele pronunciou durante um julgamento de abuso sexual – um caso que foi rejulgado (a coroa apelou e logrou êxito) e isto resultou em uma segunda absolvição por um juiz diferente pelas mesmas razões. O réu passou dois anos na prisão esperando seus dois julgamentos, e esteve incapacitado de segurar a mão da própria mão quando ela morreu algumas semanas antes de sua segunda absolvição.

Isto está ficando insano, TsaiAna.


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Autor Karen Straughan AKA GirlWritesWhat
Link Original https://www.reddit.com/r/MensRights/comments/7r7hvz/_/dsuwfbi/
Link Arquivado http://archive.today/g5DHZ

Footnotes:

1

No original, MP, Member of Parliament

Created: 2018-02-22 qui 00:22

Emacs 25.3.1 (Org mode 8.2.10)

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