sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

"NARVO - Negação, Ataque e Reversão Vítima-Ofensor" [Dra. Tara J. Palmatier]

NARVO - Negação, Ataque e Reversão Vítima-Ofensor

NARVO - Negação, Ataque e Reversão Vítima-Ofensor

Você já esteve alguma vez espantado com o como sua esposa, namorada ou ex abusiva é capaz de fazer e dizer as coisas mais dolorosas, dissimuladas e abjetas e então retratar a si mesma como a inocente vítima? Você já cogitou como ela é capaz de convincentemente acusar os outros, usualmente suas vítimas, dos comportamentos e atitudes abusivos dos quais ela é a verdadeira culpada? Não se pergunte mais, a resposta pode ser o NARVO.

Dra. Jennifer J. Freyd, PhD da the Universidade do Oregon identificou o NARVO nos anos 1990 ao final de uma histeria de memórias reprimidas de abuso sexual. Apesar de suas origens dúbias, NARVO é um conceito útil com aplicações mais abrangentes que as que Dra. Freyd parece ter imaginado originalmente. Freyd escreve sobre o NARVO em conjunção com seu trabalho sobre trauma de traição, o qual eu discuto no blog original Shrink4Men. De acordo com a página da Dra. Freyd:

NARVO refere-se a uma reação que perpetradores de coisas erradas, particularmente abusadores sexuais, podem demonstrar em resposta a serem responsabilizados pela sua conduta. O perpetrador ou agressor pode Negar o comportamento, Atacar o indivíduo que realiza a confrontação, e Reverter os papéis de Vítima e Ofensor tal que o perpetrador assume o papel de "falsamente acusado" e ataca a credibilidade o acusador ou mesmo culpa o acusador de ser o perpetrador da falsa acusação.

NARVO aparenta ser uma combinação de projeção, negação, inversão da culpa e gaslighting. Dra. Freyd nota que outros estudiosos identificaram os mesmos fenômenos usando termos diferentes. Meus clientes homens experimentam este comportamento quando tentam responsabilizar as mulheres abusivas em suas vidas. Isto também aparenta ser um comportamento comum na maioria dos predadores, intimidadores, pessoas altamente conflituosas e/ou indivíduos abusivos com distúrbios de personalidade. NARVO aparenta ocorrer especialmente em casos de divórcio e/ou custódia altamente conturbados.

É claro que nem todo mundo que nega estar fazendo algo de errado está engajando-se em NARVO. Muitos parceiros e ex-parceiros de mulheres abusivas são acusados de coisas que jamais fizeram ou que jamais sequer aconteceram. Naturalmente, quando isso acontece, você nega a acusação e talvez sente-se um pouco (ou bastante) aturdido. Como saber se a negação de um indivíduo é a verdade ou uma instância de NARVO? Freyd (1997, pp. 23-24) propõe:

É importante distinguir os tipos de negação, pois uma pessoa inocente provavelmente negará a falsa acusação. Portanto negação não é evidência de culpa. Porém, eu proponho que um certo tipo de hipocrisia indignada, e negação extremamente exposta, pode de fato relacionar-se à culpa.

Eu conjecturo que se uma acusação é verdadeira, e a pessoa acusada é abusiva, a negação é mais indignada, mais hipócrita e mais manipulativa, quando comparada com a negação em outros casos. Semelhantemente, eu observei que reais abusadores ameaçam, intimidam e fazem um pesadelo para qualquer um que os responsabilize ou lhes peça para mudar seu comportamento abusivo. Este ataque, intencionado para assustar e aterrorizar, tipicamente inclui ameaças de ação judicial, ataques diretos ou encobertos, sobre o denunciante e assim por diante.

O ataque geralmente tomará a forma de foco na ridicularização da pessoa que tenta responsabilizar a ofensora. O ataque também provavelmente focará em ad hominem em vez de questões evidenciais/intelectuais. Finalmente, eu proponho que a ofensora rapidamente cria a impressão de que a abusadora é o falsamente acusado, enquanto a vítima ou o observador preocupado é o ofensor. O fundo e a imagem de frente são completamente invertidos. Quanto mais a ofensora é responsabilizada, mais injustiçada ela alega estar sendo.

Isto é semelhante a como William Eddy, LCSW, Esq descreve as táticas de culpabilização persuasiva de indivíduos altamente conflituosos. "Culpabilizadores persuasivos persuadem outros de que seus problemas internos são externos, causados por outra coisa ou alguém. Uma vez que os outros são persuadidos a olhar o problema de forma revertida, a disputa escala para uma situação conflituosa de longo prazo. Uma na qual poucas pessoas além dos culpabilizadores persuasivos podem tolerar" (Eddy, 2006, p. 29). Olhar o problema de forma revertida é precisamente quando ocorre o NARVO. Os planos de frente e de fundo são completamente revertidos.

"São apenas os Culpabilizadores Persuasivos do Cluster B que mantêm disputas altamente conflituosas em andamento. Eles são persuasivos, e para afastar o foco de seu próprio comportamento (a fonte principal do problema), eles fazem outros juntarem-se à culpabilização" (Eddy, 2006, p. 30). É por isso que muitos Narcisistas, Borderlines, Histriônicos e Anti-Sociais efetivamente empregam campanhas de difamação e táticas de multidão quando tomam alguém por alvo - seja cônjuge, advogado, avaliador judicial ou terapeuta. Ao culpar os outros por tudo de errado em suas vidas, eles afastam o foco do real problema: eles mesmos. Isto aparenta ser o exato comportamento negar-atacar-reverter vítima e ofensor que Freyd descreve.

Freyd (1997, pp. 23-24) afirma:

A ofensora está no ataque e a pessoa tentando responsabilizar a ofensora está na defensiva. 'Negação, Ataque e Reversão Vítima-Ofensor' funcionam melhor em conjunto. Como alguém pode estar no ataque tão vilmente e estar no papel de vítima? Pesquisa futura pode investigar a hipótese de que a ofensora rapidamente oscila entre o ataque e a reversão vítima-ofensor.

Este comportamento é enlouquecedor se você for o alvo do mesmo. Você sabe que está sendo atacado enquanto seu parceiro/ex banca o papel de vítima com tudo o que tem direito, insistindo em sua visão distorcida da irrealidade. Pior ainda, muitas pessoas acreditam nela, racionalizando "ela está tão irritada, então deve ser mesmo verdade". Mesmo alguns dos meus clientes homens que sabem que as acusações e mentiras de suas esposas não são verídicas por vezes duvidam de si mesmos e do que eles sabem ser a realidade. Eu acredito que muitas mulheres e homens que engajam-se em NARVO passam a acreditar em suas próprias mentiras depois de repeti-las muitas vezes. Eu chamo isso de "Efeito O. J. Simpson".

Abusadores tipicamente empregam diferentes tipos de negação. Talvez você seja familiar com algumas das seguintes:

  • Negação flagrante ou gaslighting: "Isso nunca aconteceu".
  • Minimização: "Não foi tão ruim".
  • Amnésia: "Não me lembro de ter feito isso".
  • Redefinição: "Eu tenho um temperamento difícil, então você não deveria me irritar".
  • Projeção: "Você é abusiva e controladora. Isso me machuca".
  • Conversão: "Eu errei, mas sou uma pessoa mudada e não farei isso novamente".

Freyd (1997, pp. 23-24) conclui:

A ofensora toma vantagem de uma confusão que temos em nossa cultura acerca do relacionamento entre provabilidade pública e realidade (e um sistema legal que tem uma certa história a respeito disso) em redefinir a realidade. Pesquisa futura pode testar a hipótese de que a ofensora pode bem vir a crer em [sua própria] inocência mediante esta lógica: se ninguém pode ter certeza de que ela é culpada então ela não é logicamente culpada não importando o que realmente aconteceu. A realidade é então definida pela prova pública, não pela experiência pessoal vivida.

Pode ser difícil identificar quem está falando a verdade nestes casos. Porém, eu tenho verificado que indivíduos altamente conflituosos que engajam neste comportamento geralmente não conseguem substanciar suas alegações ou, se eles apenas fabricam mais mentiras tentando substanciar suas alegações, eles são inconsistentes ao longo do tempo, então preste bastante atenção e documente as suas mentiras. Isto pode ajudá-lo a enforcar-se na própria corda, se e quando você precisar provar sua versão dos eventos como oposta a suas versões cada vez mais evoluídas da verdade.

Se ela está ameaçando chamar a polícia e faz falsas acusações contra você e/ou você está cogitando divórcio, é extremamente importante que você documente o abuso que está experimentando em um diário, gravador digital ou algum outro meio. Culpabilizadores persuasivos abusivos se valem da força de suas emoções para vender suas mentiras, meias-verdades e distorções. Dado que a maioria das pessoas é uma negação no drama, especialmente na forma de uma mulher hipócrita aos prantos, você precisará de provas se quiser ser acreditado. Pense nisso como uma forma de estar à prova de NARVO.


Referências Bibliográficas:

  • Eddy, W. (2006) SPLITTING: Protecting Yourself While Divorcing a Borderline or Narcissist.
  • Freyd, J.J. (1997) Violations of power, adaptive blindness, and betrayal trauma theory. Feminism & Psychology, 7, 22-32.

META
Título Original DARVO: Deny, Attack, and Reverse Victim and Offender
Autor Dr. Tara J. Palmatier
Link Original https://www.avoiceformen.com/women/darvo-deny-attack-and-reverse-victim-and-offender/
Link Arquivado http://archive.is/rz8z4

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