quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Garotos têm menos empatia? Se é assim, talvez é porque eles dão o que recebem [Evan Gerstmann]

Garotos têm menos empatia? Se é assim, talvez é porque eles dão o que recebem

Garotos têm menos empatia? Se é assim, talvez é porque eles dão o que recebem

Como "masculinidade tóxica" tornou-se um novo chavão, muitos têm sugerido que existe uma disparidade de empatia entre meninos e meninas, com meninos no extremo mais curto da empatia. Alguns sugerem uma base evolutiva-genética, enquanto outros argumentam que a empatia é aprendida. Este é um debate complexo, mas é importante lembrar que crianças geralmente refletem comportamentos que são a elas dirigidos. Se tratarmos meninos com menos empatia, não será de se surpreender que eles reflitam este comportamento de volta em nós. É claro, nada descrito abaixo quer dizer que garotas também não sofram de qualquer quantidade de vieses. Também, mesmo os vieses descritos abaixo podem ferir meninas bem como meninos - duplos padrões podem prejudicar ambos os gêneros. Mesmo assim, se a sociedade espera criar garotos empáticos, ela precisa tratar meninos com muito mais empatia.

Exemplos abundam. Na semana passada, uma corte de apelações decidiu em favor dos querelantes em uma ação que desafiava a constitucionalidade da exclusão de meninos de grupos de dança competitiva. A Minnesota State High School League ofereceu uma explicação politicamente correta para a exclusão: ela estava simplesmente tentando expandir as oportunidades atléticas para as meninas. A corte corretamente afastou tal desculpa, notando que nos últimos dois anos garotas têm sido levemente hiper-representadas nos esportes das escolas de ensino médio de Minnesota, e que diferenças de gênero na participação de esportes no ensino médio têm sido minimais por algum tempo.

Como qualquer garoto escolar que sofreu bullying por trazer sapatilhas de balé ou sapateado pode atestar, dança ainda é considerado algo efeminado para muita gente. A exclusão de garotos de programas de dança mais provavelmente reflete esse viés do que faz uma tentativa de boa fé de retificar um desequilíbrio de gênero aparentemente inexistente na participação desportiva em Minnesota

Em vez de dança, meninos são incentivados para outros esportes. Estes esportes, em especial futebol americano, basquete e baseball, só acabam por ser os esportes que de longe têm altas taxas de lesões. (Baseball tem taxas de lesão mais elevadas que softball1.) Não deve ser surpresa que quando meninos crescem eles seguem para vastamente hiper-representar todos os empregos mais letais e perigosos na América e são mais de dez vezes propensos a morrerem no trabalho que mulheres.

A sociedade tem sérios problemas em ver o dano aos meninos mesmo quando o dano está ali para todos verem. Este padrão se mantém mesmo no contexto da predação sexual. O sistema legal, ao que parece, é significativamente menos disposto a proteger meninos da predação sexual por adultos que o é em relação a proteger meninas. Um estudo de uma década de casos no sistema escolar de New Jersey concluiu que quando professores têm sexo com estudantes menores de idade, professores homens são mais propensos a serem encarcerados pela transgressão, e dos professores que vão para a cadeia, professores homens recebem sentenças mais elevadas. (O reporte não analisa o gênero das vítimas, mas pela discussão, aparenta-se que a esmagadora maioria dos casos envolve professor e estudante de gêneros opostos.)

Esta disparidade não deveria ser uma surpresa. Cortes muito frequentemente têm problemas em ver meninos como vítimas, até mesmo no contexto de estupro estatutório. Em County of San Luis Obispo v. Nathaniel J., uma corte de apelações decidiu que um garoto de quinze anos que foi estuprado estatutoriamente por uma mulher de trinta e quatro estava atrelado por muitos anos a pagar de pensão alimentícia: "Existe uma distinção importante entre uma parte que foi lesada mediante nenhuma culpa de sua parte e uma parte lesada que deliberadamente participou da ofensa pela qual a reclamação foi feita. Aquele que é lesado como resultado de uma conduta criminosa da qual ele deliberadamente participou não é uma típica vítima de crime. Não segue necessariamente que um menor de pelo menos 14 anos que volutariamente engaja-se em intercurso sexual seja uma vítima de abuso sexual". A corte citou muitas outras decisões similares envolvendo meninos de idades tão baixas quanto 13 anos de idade. Em 2014, USA Today noticiou um caso em que um homem que foi estatutoriamente estuprado quando tinha só 14 recebeu uma papelada do estado do Arizona seis anos mais tarde exigindo pensão alimentícia de um filho que ele nem sabia que existia.

A falta de empatia pelos meninos também surge no contexto de disciplina escolar. Como reportou a NPR no último ano, meninos (bem como afroamericanos e estudantes com deficiências) são "desproporcionalmente disciplinados em escolas de primário e secundário ao longo do país". De acordo com pesquisadores do Government Accountability Office, "estas disparidades são consistentes, 'independente do tipo de ação disciplinar, independente do nívek de pobreza da escola, e independente do tipo de escola pública frequentada'".

Se a sociedade quer menos garotos "tóxicos" que cresçam para homens bons e empáticos, talvez, como diz a música, a sociedade deveria tentar um pouco mais de ternura 2. Proteja meninos da predação sexual com o mesmo zelo que protegemos garotas e não lhes diga que eles são cúmplices de seus próprios estupros estatutórios. Não os constranja para os esportes e trabalhos mais perigosos. Não os punam mais gravosamente por seus erros do que as garotas. E deixem que eles dancem.

Notas de Rodapé:

1

grosso modo, uma versão mais amena praticada por meninas

2

Try a Little Tenderness, de Otis Redding; aqui, um cover por Chris Brown!

Autor: Tradutor Bastardo

Criado em: 2019-08-14 qua 22:08

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sábado, 10 de agosto de 2019

GirlWritesWhat Selecta - 2019-08-07 [12:35:03]

GirlWritesWhat Selecta - 2019-08-07 [12:35:03]

GirlWritesWhat Selecta - 2019-08-07 [12:35:03]

Existe um subgênero inteiro de romance ficcional lascivo/erótico, chamado BBW, "Big Beautiful Women" 1.

Estranhamente, enquanto a heroína da história de amor é gorda (mas mesmo assim é bonita) o herói deste tipo de novela é quase sempre ideal de capa da GQ 2.

Digo, entendo que isto seja material de fantasia/siririca para mulheres, mas combine isso com corporações fazendo campanhas de anúncios falando para as mulheres que elas são atraentes não importa o tamanho, feministas escrevendo artigos de opinião denunciando a preferência dos homens por mulheres de peso/forma corporal como "gordofobia", e uma condenação tácita sobre criticar as mulheres em geral, e você tem uma receita para que um monte de mulheres gordas tenha sérias expectativas nada realistas em termos de parceiros que elas podem obter.

Agora acrescente a hipergamia, que não desaparece no momento que a mulher ganha o bastante para viver confortavelmente. Não apenas ela espera alguém que se pareça com Ryan Reynolds, ela espera que ele ganha tanto ou mais que ela.

Aplicativos de encontro como o Tinder descobriram que enquanto homens dão like em mais ou menos 60% dos perfis de mulheres, mulheres dão like em apenas 5% dos de homens.

Eu honestamente penso que retrocedemos ao sistema de torneios. Não existe realmente nada mais no lugar a fim de impedir o estabelecimento orgânico de uma estrutura social poligínica onde somente os 5-20% dos homens mais destacados têm uma chance de sexo frequente.

Notas de Rodapé:

1

"Mulher Grande e Bonita"; geralmente mulheres gordas, ou 'plus size' como quiser chamar (NT)

2

Gentlemen's Quarterly, uma revista focada em moda, estilo e cultura para homens (NT)

Criado em: 2019-08-10 sáb 21:03

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