sábado, 8 de julho de 2017

GirlWritesWhatSelecta - 1

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Neste post, Karen responde um comentário falando sobre aquela velha lorota de "as feministas da primeira onda tinham um ideal justo e puro", que tenta sempre isentar as feministas de suas visões classistas, elitistas e supremacistas - resumindo: a luta por "iguais direitos" nunca existiu.

É óbvio que o feminismo foi iniciado por pessoas que não tinham os mesmos direitos que os homens. Homens e mulheres tinham conjuntos distintos de direitos.

Então vamos olhar para maridos e esposas (pois esta é a principal área onde homens e mulheres tornaram-se sujeitos da direitos diferentes).

Uma mulher tinha direito ao suporte financeiro do seu marido. Um homem não tinha direito ao apoio financeiro de sua esposa. Um homem tinha o direito de administrar a propriedade de sua esposa. Uma mulher tinha o direito a um interesse vitalício sobre na propriedade de seu marido (direitos de dote).

Então, basicamente o marido tinha o direito de administrar a renda e propriedade de todos os membros da família (sua esposa e seus filhos). Ele também tinha a responsabilidade de suportá-los no melhor de sua capacidade. Se os impostos não fossem pagos, ele seria penalizado por evasão de divisas, sua família não. Se os débitos da família entrassem em incumprimento, ele era enviado para a prisão dos devedores, sua família não.

Começando em 1860 no Reino Unido e propagando-se daí, as leis de propriedade marital foram reescritas. Isto deu às mulheres "direitos de propriedade iguais" no âmbito do casamento.

É claro que isso não é precisamente o que alguém chamaria de igual.

Primeiro, homens ainda eram 100% responsabilizados pelo suporte financeiro à esposa e aos filhos -- ainda era seu trabalho prover todas as suas "necessidades".

Anteriormente, ele teria a propriedade e renda da esposa e filhos à sua disposição a fim de habilitá-lo a fazer isso. Agora, a renda e propriedade de sua esposa era dela e dela somente, e ele não tinha nenhuma pretensão de direito sobre tais coisas e nem tinha direito algum de tocar nelas (ou sequer ser informado delas).

Debaixo desse novo conjunto de lei, ela ganhava os direitos do homem mas não as responsabilidades. De fato, se ocorresse um período (digamos que ele acabasse desempregado ou perdesse dinheiro em um investimento) onde ela fosse forçada a sustentar a ele, às crianças ou mesmo a si mesma com sua própria renda, ela tinha uma pretensão legal válida contra a propriedade dele para reembolso.

Isso levou a um número de desastres, um dos quais foi aproveitado pelas suffragettes no Reino Unido nos anos 1910 ao longo do ativismo de resistência à tributação. O lema delas era "sem voto, sem imposto", porém, embora a propriedade e a renda das mulheres casadas era tributada, as mulheres que detinham essa propriedade e renda não eram aquelas responsabilizadas por pagar as taxas sobre ela. Isto era considerado uma "necessidade" e portanto caía debaixo do guarda-chuva das responsabilidades do marido. A única maneira de absolver um homem dessa responsabilidade era mediante um divórcio onde ele tinha causa, o que era extremamente difícil de assegurar (e algumas vezes nem isso o absolvia).

Talvez o caso mais famoso desse tipo foi o de Mark Wilks, um professor de escola, e sua esposa Dra. Elizabeth Wilks, uma médica. Ele foi aprisionado por evasão de divisas quando sua esposa recusou-se a pagar os impostos dela mesma. Não apenas ele era incapaz de pagar os impostos sobre a opulenta renda de sua esposa com seu salário de professor (depois de pagar tudo o mais, dado que era seu dever como marido, não esqueça disso), em sua defesa diante das cortes ele atestou que mesmo que ele fosse capaz de proporcionar esse pagamento, ele era praticamente incapaz de fazê-lo porque sua esposa recusava-se a providenciar-lhe a documentação que ele precisava a fim de calcular os impostos e pagá-los. E a lei daquele tempo não lhe dava o direito de sequer demandar a documentação da renda dela a fim de que ele pudesse pagar os impostos dela.

Da parte dela, ela deu muitas entrevistas com jornalistas encorajando outras mulheres suffragettes, que ela descrevia como sendo quase totalmente "mulheres de posses" a seguir seu exemplo e recusar-se a pagar seus tributos e transformar seus maridos em ativistas de prisão involuntários.

Depois de passar algum tempo na prisão, a saúde do Sr. Wilks, que já não estava muito boa para começo de conversa, começou a deteriorar. Ele foi liberado sob fundamentação humanitária e morreu alguns meses depois.

Então você tinha literalmente uma mulher médica ricaça que era legalmente intitulada ao suporte do seu marido menos rico. Ela não tinha nenhuma obrigação financeira com respeito a si mesma, nem mesmo para si mesma, nem para o governo. E ela sentou-se e assistiu seu marido enfermo adoecendo na prisão enquanto assentada em dinheiro mais que suficiente para pagar os impostos devidos à sua renda que eram responsabilidade dele pagar. Não apenas ela julgou ser isso uma coisa boa, ela recomendou isso a outras suffragettes ricas.

Eu tenho visto algumas feministas responderem a esse caso com o argumento de que mulheres como a Dra. Wilks estavam lutando pela igual responsabilidade das mulheres (em pagar seus próprios tributos), mas não há nada nos contratos das sociedades de resistência à tributação, nem em qualquer documentação deste caso em particular, indicando que este era um objetivo. O ponto dessas sociedades era coagir o governo a dar o voto às mulheres, e não coagir o governo a forçar as mulheres a pagar seus próprios impostos.

Agora você pode argumentar que mulheres devem ter direitos de renda e propriedade iguais aos de seus maridos e que a reforma das leis era necessária. Eu não contestarei isso. Mas sinto informar que o feminismo de primeira onda não tinha interesse algum em abordar as grandes responsabilidades impostas sobre os homens, quanto mais removê-las.

Nos anos 1970, muitas dessas responsabilidades em homens permaneceram em voga nos EUA. Phyllis Shlafly dirigiu um balanço da opinião pública contra a passagem da Equal Rights Amendment [1] baseada parcialmente no fato que a ERA não daria direitos legais às mulheres que elas já não tivessem, mas removeria privilégios, intitulações e isenções que elas desfrutavam em razão de seu sexo, incluindo o direito de ser financeiramente sustentadas pelos maridos e o direito de não ser responsabilizada pelos débitos maritais. E mulheres ainda têm direitos de dote em alguns estados como Michigan que permitem-lhes legalmente impedir seus maridos de vender qualquer peça imobiliária porque a esposa está intitulada a continuar vivendo na propriedade às custas do marido se ela assim decidir.

"Por que isso importa?", você pergunta mais abaixo. Isso importa porque a figura completa importa, e não um pequeno pedaço dela.

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[1]Emenda de Direitos Iguais; como o nome tenta sugerir, foi uma emenda proposta a fim de impedir discriminações legais em razão do sexo. Antes que a emenda alcançasse a meta para ser devidamente promulgada, Phyllis de fato organizou um movimento para impedir sua concretização. Entre muitas das razões contrárias à ERA, havia o financiamento público ao aborto, leis acerca do serviço militar e também a outras tantas leis que privilegiam mulheres "por serem mulheres" - e até mesmo algumas que privilegiam homens, como certos benefícios concedidos aos veteranos militares (que, por mero acaso, são majoritariamente homens).

META
Autor Karen Straughan
Link Original https://reddit.com/r/PussyPass/comments/54b5af/_/d81yx8h
Link Arquivado http://archive.fo/CLXKR

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