segunda-feira, 10 de outubro de 2016

"Existe Algo de Bom nos Homens?" - Parte VII

Mulheres São Mais Sociais?


Me permita atentar para a segunda grande diferença motivacional. Ela tem suas raízes em uma pesquisa do Psychological Bulletin feita há uns dez anos, mas o assunto ainda é atual e relevante para nossos dias. Ela se preocupa com a questão de se mulheres são mais sociais que homens.

A ideia que mulheres são mais sociais foi levantada por S.E. Cross e L. Madsen, em um manuscrito submetido àquele jornal. Eu o enviei para revisão, e apesar de eu discordar da conclusão, eu senti que eles construiíram seu caso bem, assim eu advoguei pela publicação de seu documento. Eles forneceram uma plenitude de evidência. Disseram coisas como: olha, homens são mais agressivos que mulheres. Agressão pode deteriorar um relacionamento porque se você machuca alguém então esta pessoa pode não querer estar mais com você. Mulheres se abstêm de agressão porque elas desejam relacionamentos, mas homens não se preocupam com relacionamentos e assim estão dispostos a serem mais agressivos. Portanto, a diferença em agressão mostra que mulheres são mais sociais que homens.

Mas eu acabei de publicar meu trabalho anterior sobre a "necessidade de fazer parte", no qual concluí que tanto homens quanto mulheres têm esta necessidade, e assim eu fiquei alertado por ouvir que homens não se preocupam com conexões sociais. Eu escrevi uma resposta que dizia que há outra forma de olhar para toda a evidência que Cross e Madsen cobriram.

O núcleo de nossa visão era que existem duas formas distintas de ser social. Na psicologia social tendemos a enfatizar relacionamentos próximos e íntimos, e sim, talvez mulheres se especializem neles e sejam melhores nisto que os homens. Mas vocês podem observar também sobre ser social em termos de ter redes maiores de relacionamentos mais superficiais, e nestes, homens são mais sociais que mulheres.

É como a questão comum "o que é mais importante para você, ter algumas amizades próximas ou ter muitas pessoas que te conheçam? A maioria das pessoas responderá que a primeira é mais importante. Mas a grande rede de relacionamentos superficiais pode ser importante também. Nós não devemos automaticamente ver homens como seres humanos de segunda classe simplesmente porque eles se especializam no tipo menos importante e satisfatório de relacionamento. Homens são sociais também - só que de uma forma distinta.

Então nós reexaminamos a evidência que Cross e Madsen obtiveram. Considere agressão. Realmente, mulheres são menos agressivas que homens, não há o que argumentar aqui. Mas realmente isto é porque mulheres não querem destruir um relacionamento próximo? Acaba por ser que, em relacionamentos próximos, mulheres são completamente agressivas. Mulheres são mais propensas que homens a perpetrar violência doméstica contra parceiros românticos, indo desde um tapa na cara até atacar com armas mortais. Mulheres também cometem mais violência contra crianças que homens, apesar de ser difícil liberar do maior montante de tempo que elas dispendem com as crianças. Mesmo assim, você não pode dizer que mulheres evitam violência contra parceiros próximos.

Em vez disso, a diferença é encontrada na esfera social mais vasta. Mulheres não atacam estranhos. As chances de uma mulher, por exemplo, irem até o mercado e acabarem numa briga de faca com outra mulher são desprezivelmente baixas, mas tal risco é mais elevado para homens. A diferença de gêneros na agressão é principalmente encontrada aí, na rede mais vasta de relacionamentos. Pois homens se preocupam mais com esta rede.

Agora, considere caridade. A maioria das pesquisas descobre que homens ajudam mais que mulheres. Cross e Madsen lutaram com isto e eventualmente apenas caíram no chavão batido que talvez mulheres não ajudem porque elas não são trazidas ou socializadas a ajudar. Mas eu penso que o padrão é o mesmo com a agressão. A maior parte da pesquisa olha para a ajuda entre estranhos, na esfera social mais abrangente, e assim encontra mais homens ajudando. Na família, porém, mulheres são totalmente voltadas a ajudar, mais que homens.

Agressão e caridade são em certo sentido opostos, então o padrão convergente é bastante significativo. Mulheres tanto ajudam quanto agridem na esfera íntima de relacionamentos próximos, porque é com o que elas se preocupam. Em contraste, homens se preocupam (também) com a rede mais abrangente de relacionamentos superficiais, e assim são completamente voltados para caridade e violência nela.

A mesma conclusão das duas esferas é suportada em diversos outros lugares. Estudos de observação em parquinhos confirmam que garotas se juntam e brincam em pares com a mesma companhia por uma hora. Garotos irão ou jogar em pares com uma série de diferentes parcerias ou com um grupo maior. Garotas querem o relacionamento em par, enquanto garotos são levados para grupos ou redes maiores.

Quando duas meninas estão brincando juntas e os pesquisadores traziam uma terceira, as duas garotas resistiam a deixá-la entrar. Mas dois meninos deixarão um terceiro se juntar ao seu jogo. Meu ponto é que garotas querem a conexão em par, então adicionar uma terceira pessoa estraga o time para elas, mas não estraga para os garotos.

A conclusão é que homens e mulheres são ambos sociais mas de maneiras diferentes. Mulheres se especializam na esfera mais estreita dos relacionamentos íntimos. Homens se especializam no grupo maior. Se você fizer uma lista de atividades que são feitas em grupos maiores, você provavelmente terá uma lista de coisas que homens fazem e desfrutam mais que homens: esportes de time, política, grandes corporações, redes econômicas, e por aí vai.

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