Política do Pênis
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Se você é homem você deve ter ficado preocupado em algum momento da sua vida sobre o tamanho ou a aparência de seu pênis. O medo de ser considerado inadequado ou diferente persegue a maioria dos seres humanos mas existe uma conexão particularmente profunda entre a autoconfiança de um homem e sua genitália.
Homens sabem disso, mulheres também. Lamentavelmente, este conhecimento tem sido usado para humilhar, escarnecer, depreciar e denegrir homens desde a primeira vez que passamos a andar em dois pés.
Eu creio que este dilema, que todos os homens e meninos enfrentam, é algo que mulheres e meninas não têm que sofrer não obstante as alegações de que opróbrio corporal 1 é algo que mulheres experimentam de forma constante na mídia e nas suas interações diárias.
O primeiro ponto que eu sempre gosto de fazer quando levanto este assunto é que o fato de sofrer escárnio por causa de seu peso é muito certamente uma experiência dolorosa mas é algo sobre o qual todo indivíduo tem algum controle e se motivado o bastante é algo que pode ser mudado.
Não consigo recordar o momento quando eu vi um personagem num filme ou comédia fez uma referência jocosa a vaginas cavernosas ou peitos pequenos. Pode até haver mas seria uma ocorrência rara. Comentários depreciativos sobre pênis são legião no mundo de filmes e TV.
Um homem não pode mudar o tamanho ou a aparência de seu pênis a não ser que esteja disposto a passar por uma cirurgia cara, arriscada e invasiva. Para a maioria dos homens, isto é um fato imutável como o peso, cor da pele ou tamanho de sapatos. Isto torna quaisquer ataques sobre esta característica física ainda mais cruéis e dolorosos que uma crítica ao peso, estilo de cabelo ou escolha de roupas.
Zombaria sobre o tamanho e a aparência do pênis tem sido uma forma aceitável de comportamento na nossa mídia mainstream e na cultura em geral por décadas.
Na Austrália, uns anos atrás, o governo criou uma série de campanhas que associavam dirigir além da velocidade permitida com o tamanho do pênis.
O inferno congelaria antes que qualquer campanha de saúde e segurança decidisse zombar da aparência física de mulheres jovens. Ela jamais seria cogitada.
Imagine uma campanha dizendo a meninas gordas que seu risco de doenças cardíacas e outros males de saúde perigosos à vida seriam atenuados se não fossem tão gordas. E se tal campanha pudesse ser justificada com evidência que mostrasse que ela salvaria vidas! Sim - sua imaginação é o único lugar onde tal campanha aconteceria. De fato, teríamos infinitas campanhas, artigos e anúncios que apresentariam a obesidade feminina como bela e normal.
Homens obesos jamais foram apresentados como sexualmente atraentes em nenhuma revista ou anúncio. A zombaria com homens obesos jamais foi chamada de opróbrio corporal. Mulheres que expressam sua falta de interesse em homens gordos não são acusadas de opróbrio corporal ou de ter valores superficiais.
Calvície é outra questão que homens simplesmente têm que aceitar com um suspiro de resignação e empatia ou suporte nulos. Eu lembro quando estava perdendo cabelo nos meus vinte e tantos anos de como tanto homens quanto mulheres sentiam ser completamente apropriado comentar sobre minha iminente calvície - geralmente nos lugares mais públicos, o que claramente apenas aumentava minha humilhação e autoconsciência.
Eu notei que algumas das mulheres que faziam observações sobre meu cabelo eram obesas com distúrbio de personalidade limítrofe, e eu geralmente me impressionava sobre a falta de autoconsciência e quais seriam as ramificações de uma resposta espinhosa focando no tamanho de suas bundas.
Eu sei. Eu teria sido rotulado como um brutamontes vil e irracional que insensivelmente zombou do corpo de uma mulher. Seus comentários não solicitados sobre minha cabeleira nem mesmo seriam registrados no radar da maioria das pessoas como qualquer coisa além de um tiquinho de diversão.
De volta ao pênis.
Há incontáveis referências ao tamanho do pênis na nossa cultura que todo garoto absorve. Tamanho importa é regularmente usado em anúncios seja de barras de chocolate seja de televisões de tela plana.
Infinitos shows e filmes de comédia fazem referências veladas e não tão veladas sobre tamanho de pênis e a réplica feminista mais comum quando sua visão de mundo é eviscerada por um homem é atacar o tamanho do pênis do homem. Clementine Ford faz isso regularmente
O que me traz este assunto à mente é um show semanal de TV bem inócuo, de nome Gogglebox. A premissa desse show soa absurda mas simplesmente consiste em cinco ou seis famílias distintas assistindo à televisão em suas salas-de-estar. Nós, os telespectadores, vemos e ouvimos suas reações a shows populares que temos acesso em nossas próprias tevês.
Quase toda semana, um par de amigas que divide uma casa e outro trio de mulheres - uma avó, sua filha e neta - fazem comentários sobre os corpos dos homens, com especial ênfase em seus pênis. O par pergunta a cada uma das outras com quem elas fariam e não fariam "aquilo" e o trio feminino escarnece o tamanho dos pênis regularmente quando está passando um episódio de Bondi Rescue ou qualquer show onde há homens seminus. Elas repetidamente comentam os genitais masculinos.
Eis as culpadas!
O que é inacreditavelmente aparente é o fato que muitos homens, velhos ou jovens, no Gogglebox, raramente fazem referências sexuais sobre as mulheres que veem. Meu filho pesadamente tatuado e bastante mente-aberta parou de assistir ao show faz algum tempo porque ele estava tão enojado pela infinita manjação e julgamento de pênis e os ainda mais amalucados duplos padrões na atração.
O pior exemplo desse tipo de comportamento ocorreu há pouco mais de uma semana. A versão australiana do Sixty Minutes teve uma extremamente anunciada entrevista com Stormy Daniels. Durante a entrevista o pênis do presidente Trump tornou-se o foco máximo da discussão.
Assim que começou a entrevista, as mulheres no Gogglebox estavam falando:
"Aposto que é minúsculo!"
"Eca - como você conseguiu transar com ele?"
A entrevista conclui com a detalhada descrição dada por Daniels sobre o pênis de Trump, a qual mencionava seu tamanho e formato inusitado.
Isto também rendeu "Ecas" e "Nossas" das mulheres.
Todas essas mulheres são feministas orgulhosas e barulhentas. Uma delas regularmente veste sua camisa "poder feminino" quando senta-se no sofá, e elas ridicularizam e fazem piada dos homens. As outras abertamente proclamaram suas inclinações feministas em mais de uma ocasião.
Não consigo parar de cogitar o que teria ocorrido se um jornalista homem entrevistasse um agente de escolta homem que tivesse dormido com Hillary e escrevesse uma descrição detalhada de seus bifes vaginais e de seus peitos. Consegue imaginar o agente referindo-se depreciativamente referindo-se às incomuns e horríveis lapas da vagina de Hillary e de seus peitos caídos? Force um pouco os limites de sua mente e imagine um programa popular de televisão que aponta para as reações dos homens que o apresentam reagindo com nojo às descrições e expressando com risadas altas sua descrença na noção de que algum homem tivesse deitado com ela.
Trump foi representado nu em estátuas postas em áreas públicas onde centenas de pessoas posaram com seus dedos pinçando o pequeno pênis esculpido tão carinhosamente pelo artista. Infindáveis mulheres posaram ao lado mostrando claramente seu nojo e escárnio.
Agora tudo isso pode ser considerado o mero funcionamento de uma sociedade onde a liberdade de expressão e fala são altamente valorizadas. Porém, quando tais liberdades aplicam-se somente para a zombaria e difamação de um gênero, isso deve ser denunciado.
O que faz a recente fascinação com o pênis do Trump tão irônica são as infinitas denúncias de opróbrio corporal e sexismo feitas por mulheres políticas, tanto aqui na Austrália quanto na América.
Nossa antiga primeira ministra Julia Gillard usava o cartão de gênero sempre que enfrentava críticas sobre suas políticas ou integridade. Ela sentou-se num palco junto com sua alma-gêmea Hillary há um ou dois meses atrás e elas choramingaram em uníssono sobre a terrível maneira que as mulheres na política são tratadas. Elas ventilaram a questão dos trolls online e das ameaças de estupro.
Esta é uma jogada matadora para mulheres que querem ser vítimas.
Elas sabem que tais ameaças são gritarias vazias de uma margem minúscula de trolls de internet e ignora inteiramente o fato que políticos homens recebem ameaças de violência e intimidação a uma taxa mais alta que mulheres. Mas ninguém liga sobre esse tipo de abuso. Por que o estupro é uma ameaça inerentemente mais hedionda que castração ou assassinato? Podem políticos homens chamar estas ameaças bastante pessoais e violentas de sexistas? Aparentemente não. Não parece existir uma categoria de qualquer de abuso online contra homens além de "miscelânea", ou talvez uma categoria nova - "merda acontece - supera!".
Eu penso que o que é mais perturbador acerca de mulheres como Gillard e Clinton é que elas realmente acreditam que estão sendo tratadas injustamente. Elas estão tão capturadas na bolha feminista que não veem mesmo o mais flagrante sexismo enfrentado por políticos homens como Trump. Ele teve seu cabelo, penteado, cor da pele, desempenho sexual, peso e tamanho do pênis infindavelmente discutidos e ridicularizados, e ninguém da mídia acusou isso como sendo sexista. Uma política mulher pode ter sua política criticada ou sua corrupção exposta e ela imediatamente rotula o ataque como sexista. Ainda mais perturbador é o fato que tais alegações absurdas sempre serão redondamente apoiadas por muitos na mídia.
É insano. Apenas imagine Richard Nixon chamando os jornalistas que expuseram seu comportamento criminal de sexistas. E mesmo assim esta é a absurda realidade na política atual. Se você é uma mulher em Washington este é seu coringa automático quando a merda atinge o ventilador.
CNN devotou entrevistas sobre o assunto do pênis de Trump. E eles discutem isso tão solenemente quanto discutem o estopim de uma guerra ou um desastre natural.
Eu sei que digo isso com uma regularidade monótona, mas é necessário ser dito. Tente imaginar uma rede "séria" de notícias devotando segmentos inteiros a discutir os bifes genitais com um gigolô.
Este é o nível de extrema hipocrisia orwelliana que chegamos no mundo ocidental.
Dois anos atrás uma anfitriã de um programa popular de rádio exibido aqui em Melbourne declarou em alto e bom som que deveríamos todos celebrar o aniversário de quando Bobbitt teve seu pênis arrancado pela esposa enfurecida.
Eu a ouvi rindo e fazendo comentários escarnecedores sobre quão enrugado o pênis deve ter ficado após uma noite de exposição ao relento. Ela disse que este seria um bom aviso para que todos os homens certifiquem-se de manter suas mulheres felizes. Seus dois convidados masculinos riram e não fizeram protesto algum à ideia de celebrar este ato criminoso e vil.
Eu liguei para a estação de rádio a fim de vocalizar minha raiva após ouvir o podcast do show e para seu eterno crédito a recepcionista estava tão irritada quanto eu e me prometeu que levaria isso ao conhecimento do gerente da estação. Certamente o gerente me ligou de volta e procedeu em desculpar-se pelos comentários. Ele disse que não tinha ideia de como os comentários que foram ao ar por cinco minutos conseguiram escapar ao olho do censor. Eu questionei a ele por que os mesmos comentários foram promovidos no podcast diário horas depois de serem ditos ao vivo. Ele não me respondeu. E duas horas depois a conversa foi removida do podcast.
Eu perguntei que consequências Chrissie Swan enfrentaria por pedir às pessoas para celebrar a arrancada do pênis de um homem. Ele disse que conversaria com ela. Eu perguntei a ele se ele simplesmente conversaria com qualquer dos apresentadores masculinos se eles defendessem a celebração da mutilação genital de uma mulher. Ele não hesitou - 'Demitiria'. Quando acusei seu duplo padrão ele simplesmente concordou comigo e disse que entendia minhas preocupações e a maneira diferente que nossa sociedade vê os dois gêneros em situações como essa.
Até hoje esta mulher permanece em seu trabalho sem consequência alguma para suas longas chamadas celebrativas e risadas sobre a mutilação genital de homens.
A mesma Chrissie Swan foi uma participante do Big Brother Austrália. Certa noite as mulheres do programa estavam discutindo tamanhos de pênis e divertindo-se muito nisso. Num certo momento, Swan contou a história de uma vez em que ela saiu com um cara e quando chegou a hora das intimidades, ela deu uma olhada no seu pequeno pinto e decidiu que não iria ter nada com ele.
Isso já é repugnante o suficiente, mas um dia ou dois depois, Swan (que era bastante obesa) escutou uma dupla com uma câmera fazendo piadas sobre seu tamanho detrás dos muros da casa do Big Brother. Ela chorou e falou do opróbrio corporal que teve que aguentar.
Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Esta foi a mesma mulher que decidiu que o tamanho do pênis de um homem era tudo o que precisava saber quando selecionando um possível parceiro sexual ou para a vida. Agora ela estava chorando porque alguém disse que ela era gorda.
Estou certo de que você entendeu quem ganhou uma avalanche de empatia e apoio.
Vocês todos sabem que há outros incontáveis exemplos de mulheres zombando da mutilação dos genitais de um homem mas isto já foi coberto em outros artigos.
Eu sorrio quando penso na previsível resposta que meu artigo traria a qualquer feminista que o olhasse de passagem.
Você deve ter um pau pequeno!
1 META
Título | Politics of the penis |
Autor | Mark Dent |
Link | https://www.avoiceformen.com/men/politics-of-the-penis/ |
Arquivo | http://archive.is/jAgra |
Footnotes:
Desculpe, não achei tradução melhor para body shaming…
Created: 2018-10-27 sáb 20:41
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