Super-Homem VS Super-Mulher: Por que Um É Mais Popular Que O Outro?
Nós ouvimos regularmente o lamento: "Por que há tão poucas filmes de heroína e por que eles tão comumente fracassam na bilheteria?". A resposta é simples, nos diz o feminismo: homens são "ameaçados" por mulheres poderosas. Bem, vamos pensar nisso...
Homens poderosos têm apelo sexual. A percepção de homens como "poderosos, autônomos, privlegiados, intitulados" é magnificada pelo bem da gratificação da audiência em geral, mais o cumprimento da fantasia masculina, mais a excitação sexual feminina. Para alcançar excitação masculina máxima, a mídia só precisa apresentar homens com uma bela mulher mostrando um pouco de pele. Para alcançar excitação feminina máxima, a mídia precisa apresentar mulheres com um homem bonitão que seja heroico, forte, agressivo, confiante, bem-sucedido, abastado e poderoso. De uma perspectiva feminista, Michael Keaton acaba acaba por ser o Batman enquanto Kim Basinger simplesmente fica lá. De uma perspectiva masculista, para ter o mesmo impacto sexual que ela, o homem tem que agir, alcançar, e suceder a níveis impossível, estratosféricos, enquanto uma mulher só precisa ficar lá.
Além disso, a MulherComum Lois Lane vira a cara para um mero Clark Kent (seu próprio equivalente masculino) e oferece-se para o Super-homem. Se uma mera Lois Lane não toma interesse por ele, como podemos representar de maneira credível uma Super-mulher caidinha pelo Sr. Mediano? Uma Super-mulher não teria olhos somente para um Homem-Deus?
Em Superman I, nosso herói desafia a lei e retrocede o tempo a fim de salvar a mulher que ama. Em Superman II, ele abdica de seus poderes, desiste de tudo, para casar com a mulher que ama. Vendo uma mulher ordinária trazer o herói a seus pés, a audiência feminina é convidada a sonhar e nutrir esperanças. Superman é herói para ambos os sexos. Mas vamos encarar isso, super-heroínas tomam pouco interesse em homens. De fato, tanto Xena quanto a Mulher-Maravilha são implicitamente lésbicas. Em seu ensaio, Mulher Maravilha: Lésbica Ou Sapata?", Trina Robbins cita Robert Kanigher (autor de Mulher Maravilha desde 1948): "as amazonas de seu lar, a Ilha Paraíso, onde nenhum homem era aceito, eram todas lésbicas". Sua Ilha Paraíso é "paraíso' justamente porque não é infectada por homens. "Marston [criador da Mulher Maravilha] ocasionalmente sugere que a Mulher Maravilha pode estar num relacionamento Xena&Gabrielle com outra mulher". Na realidade, com duas outras mulheres: sua melhor amiga Paula, e Marya, "uma bela garota mexicana de 2,44m, que definitivamente tem uma paixãozinha pela Mulher Maravilha".
Quem está no caminho dos relacionamentos da Mulher Maravilha é sempre Steve Trevor, o Namorado-Representativo [n01]. O Lois Lane do Superman da Mulher Maravilha... Ela sempre o dispensa, quando ele a pergunta quando vão casar-se, com afirmativas do tipo "Quando a justiça enfim triunfar contra a injustiça!" ou "Quando o mal e a injustiça desaparecerem da face da terra". Em outras palavras, será um frio no inferno, mané... Steve Trevor não é apenas o Namorado-Representativo nessas HQs, mas comumente o Homem-Representativo em histórias que caso contrário exibiriam somente mulheres. Quaisquer outros homens nessa história são geralmente vilões, como Marte, o deus da guerra e inimigo jurado das amazonas [i].
Mas Lois Lane não é uma Namorada-Representativa. Ela é uma mulher de carreira decidida, intransigente, independente, e o amor da vida [de Superman].
Quando perguntado se a Mulher Maravilha é "queer", o atual autor Greg Rucka responde: "Obviamente. E tem que ser assim por uma série de razões. Mas talvez a principal entre elas é que, se não fosse, então ela deixou o paraíso somente por causa de um potencial relacionamento romântico com Steve [Trevor]. E isto diminui seu caráter. Isso danificaria o personagem e eliminaria seu heróismo". Então, basicamente, uma Supermulher heterossexual simplesmente não faria sentido nenhum? É isso?
Como se isso não bastasse, a fim de reproduzir a Ilha Paraíso de Mulher Maravilha, há notícias de sessões do novo filme da heroína reservadas para mulheres somente [ii]. Homens são barrados na porta. E aqueles que protestam são aviltados como sendo "chorões" e "frágeis". Mas isso piora ainda mais. O herói protege as moças boazinhas dos homens malvados. Será que nossa heroína protegerá os homens bons das mulheres malvadas? Claro que não, isso seria "absurdo". Então nossa heroína também protegerá mulheres boas de homens maus. O herói torna-se mulher, mas o vilão permanece homem.
Porém, por mais acusados de "ameaçadores, sexistas, misóginos, chauvinistas" os homens possam ser, eu por um momento os desculpo por não superlotar os cinemas para torcer por uma heroína cujo über-status a torna indiferente aos homens (isso se não for de fato lésbica), que espanca outros de seu mesmo tipo (homens), e alinha-se contra outros de seu tipo - filmes no qual o dualismo básico da mulher virtuosa versus homem vilanesco permanece como costumeiro, mas sem sequer o herói para ajudar a contrabalançar as medidas.
O que o "femininismo" demanda de nós homens? O que é que se tem nisso tudo para homens que se respeitem (e eu penso que ainda há alguns poucos de nós sobrando) adotarem? Qual é, no nosso ponto de vista, a recompensa por aqui? Se, em desafio ao feminismo, nós realmente tomarmos a realidade de gênero em consideração, então não há mistério; não há necessidade de recorrerem à "misoginia" como explicação. A realidade do gênero amplamente explica por que homens tendem a afastar-se e filmes de super-heroínas tendem a fracassar na bilheteria. Super-homens são heróis para ambos os sexos, mas Super-mulheres são heroínas para mulheres, e mulheres apenas.
O que o equitarismo entende, mas o feminismo não, é que o mundo humano é como é como um resultado de uma vasta dança de gênero na qual a mulher é um parceiro igual. A influência feminina, ainda que trabalhada passivamente, é real e uma visão balanceada (equitarista) da realidade de gênero não pode ser alcançada até que essa verdade seja apropriadamente inserida na equação gênero-política. Muito da descrição de homens como "super-homens" é, e sempre foi, um esforço para excitar as moças. Enquanto a mídia abastece a sexualidade masculina ofertando-lhes belas mulheres para olhar, assim a mídia tem abastecido a sexualidade feminina dando a elas Super-homens para olhar. Para mulheres, nada menos servirá. Nesta dinâmica, mulheres não são peões; elas são poderosas participantes.
Notas e Links
[i] | Heroines of Comic Books and Literature: Portrayals in Popular Culture (edited by Maja Bajac-Carter, Norma Jones, Bob Batchelor) (Hardcover – Rowman & Littlefield Publishers, 2014), pp.145-47 |
[ii] | "Texas Theater's Women-Only 'Wonder Woman' Screening Is Infuriating Fragile Men" MoviesBy TooFab Staff | May 26, 2017, http://toofab.com/2017/05/26/wonder-woman-gal-gadot-women-screening-outrages-men-alamo-drafthouse |
[n01] | No original, Token Boyfriend. Não tem uma tradução lá muito boa disso, mas esse termo costuma ser usado em certos contextos para personagens que apenas cumprem um papel de preenchimento, filler; em outros contextos mais afeitos aos "justiceiros sociais", isso é tratado de forma pejorativa, como um cumprimento velado de cotas ou um contexto de sinalização de falsa virtude (algo como um "mas eu não sou preconceituoso, tenho amigos negros"). |
Título Original | Superman vs. Superwoman: Why is one more popular than the other? |
Autor | Tim Goldich |
Link Original | https://ncfm.org/2017/06/news/uncategorized/ncfm-chicago-chapter-president-tim-goldich-superman-vs-superwoman-why-is-one-more-popular-than-the-other/ |
Link Arquivado | http://archive.is/Avg6f |