Transcrição do Meu Discurso na Simon Fraser University
Masculinidade Tóxica e Feminilidade Tóxica
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Você estava bêbado quando parecia tão esperançoso antes? Você já foi dormir e acordou verde e empalidecido de temor dessa ideia? A partir daqui é isso o que eu pensarei de seu amor. Você tem medo de agir da maneira que deseja? Você tomaria a coroa que tanto deseja, ou vive como covarde dizendo sempre "eu não posso" depois que diz "eu quero"? Você é como o pobre gato da velha história.
Por favor, pare! Atrevo-me apenas a fazer o que é próprio de um homem fazer. Aquele que atreve-se a fazer mais não é homem afinal.
Se você não era homem, que tipo de animal você era quando inicialmente me contou que queria fazer isso? Quando você se atreveu a isso, foi quando você foi homem. [. . .] Eu amamentei um bebê, e seu quão doce é amar o bebê em meu peito. Mas mesmo quando o bebê estava sorrindo para mim, eu teria arrancado meu mamilo de sua boca e esmagado seus miolos contra o muro se tivesse jurado fazer isso da mesma forma que você jurou fazer.
Obrigado a todos por virem, obrigado à SFU Advocacy for Men and Boys Society por organizar esse evento, e obrigado Theryn por recomendar este tópico para apresentação.
Não estou certa de se já entreguei um tópico tão espinhoso para explorar e discutir, mas farei o meu melhor para manter isto limpo, equilibrado e racional.
Eu sei que Theryn tinha pau para Chicos e Franciscos em sua mente quando sugeriu a mim este tópico, e eu não posso verdadeiramente culpá-la. Masculinidade tóxica é um tema de discussão tão comumente discutido (e abusado) que mal levanta as sobrancelhas quando surge numa conversa.
Por outro lado, feminilidade tóxica é um assunto tabu. Tem sido tabu por tanto tempo que eu poderia provavelmente convencer alguma pessoa comum que é uma ideia que nunca antes foi concebida, quanto mais discutida e explorada.
A maioria das pessoas que fala de feminilidade tóxica é chamada de misógina. A maioria daqueles que discute masculinidade tóxica se chama a si mesma de feminista.
Pois bem. Como a feminista média definiria masculinidade tóxica? Eu tenho quase certeza que, apesar de como a retórica feminista varia, nenhuma feminista definiria como a noção de que todos os traços masculinos são danosos aos homens ou aos outros.
Em vez disso elas definiriam como um complexo de ideias, expectativas e comportamentos danosas, intrínsecos à masculinidade e suportados pela cultura, que estão encapsuladas na frase "o patriarcado também machuca os homens". Para citar o website "geek feminism", que foi a primeira página retornada pelo Google quando eu pesquisei "toxic masculinity 101":
um conjunto de atitudes socialmente construídas que descrevem o gênero masculino como violento, não emotivo, sexualmente agressivo, e assim por diante.
Agora, geek feminism é um site interessante pelo número e grau de suas contradições. Vamos olhar para alguns de seu exemplos acerca destas atitudes socialmente construídas:
Primeiro na lista: A ideia percolante de interações masculino-feminino como competições e não cooperações.
Agora, não sei quanto a você (e não, eu não sou uma tradicionalista), mas a base de papéis de gênero tradicionais sempre tem sido uma de complementarianismo, não de competição. Divisão do trabalho e papéis têm sido considerados essenciais no casamento como em um time de futebol, porque é assim que é uma família: um time. A maioria de ambos homem e mulher nas sociedades tradicionais, no nosso passado e hoje em dia em outras partes do mundo, tende a compartilhar esse aspecto. Maridos e esposas são encorajados a adotar papéis diferentes mas igualmente importantes de forma que as interações masculino-feminino são cooperativas em vez de competitivas.
Amor, honra e obediência VS amor, honra e acalento. E oh, as feministas do ano passado criticaram essa única diferença. A advertência de que mulheres obedecessem seus maridos foi considerada humilhante, subjugadora e opressiva. Mas vamos observar o outro lado da equação, em Efésios 4:25:
Vós, maridos, amai as vossas próprias mulheres, assim como também Cristo amou a sua Igreja, e entregou a si mesmo por ela
Em outras palavras, ele deve estar preparado para morrer por ela, para sacrificar-se a si mesmo em benefício dela.
Por séculos, estes papéis complementares de homens e mulheres eram dadas como pressupostas.
Daí, em 1848, um grupo de mulheres brancas, irritadas, majoritariamente privilegiadas, majoritariamente de classe média-alta, descendeu na cidade de Seneca Falls em Nova Iorque e produziu uma lista de queixumes essencialmente declarando guerra entre homens e mulheres. Nela, elas descreveram a história da humanidade como sendo de repetidas injúrias e usurpações entre da parte dos homens contra as mulheres. Em resposta a essa crescente tendência, escritos de mulheres anti-suffragettes para a legislatura de Illinois em 1909 tinham isso a dizer:
São nossos pais, irmãos, esposos e filhos que nos representam nas urnas. Nossos pais e irmãos nos amam; nossos maridos são nossas escolhas e são um conosco; nossos filhos são o que deles nós fazemos. Estamos contentes que eles nos representem nos campos de milho, nos campos de guerra e nós representamos eles nas escolas, na lareira e no berço . . .
É claro, tal atitude de cooperação em vez de competição requer o respeito e afeição e a confiança da mulher pelos homens em sua vida, uma ética de cuidado e reciprocidade pelos homens em favor das mulheres, e um espírito de destino humano mútuo, através do qual entendia-se que qualquer dano a uma mulher seria sentido como um dano aos homens em sua vida, e qualquer dano a um homem seria sentido pelas mulheres em sua vida. Em 1909, não menos que em 1848, esta era a atitude da esmagadora maioria tanto de homens quanto de mulheres.
E o que esta visão tornou-se então? Os sexos não estão em competição. Os sexos são feitos para cooperar, cada um com cada um, em sua maneira própria. A Declaração de Sentimentos, de Seneca Falls, foi o estopim de abertura doo que viriam a ser 165 anos de guerra de gênero.
Ainda assim, de alguma forma, em 2015, feministas estão alegando que uma visão competitiva das relações de gênero é a norma tradicional patriarcal?
Huh.
Seguindo a lista de exemplos de masculinidade tóxica de "geek feminism": A ideia percolante de que homens não podem verdadeiramente entender mulheres, e vice-versa = e segue-se que nenhum companheirismo verdadeiro pode ter existido entre os sexos.
Eu tenho uma palavra para você. "mansplaining". Ou que tal isso: "Você não tem ideia do que é ser mulher. Entenda seu privilégio masculino". Eu ouço esse tipo de coisa de feministas o tempo todo.
Eu também ouço muita coisa sobre a experiência vívida comum das mulheres, irmandade feminina, e as maneiras femininas de conhecer … de feministas. Eu ouço um monte de falatório sobre mulheres sendo capazes de trazer algo diferente sobre a mesa acerca de políticas ou corporações ou questões de ética e política, como se homens não pudessem ser confiados para entender de onde mulheres estão vindo em termos de serem capazes de representar seus interesses. Você consegue imaginar de quem?
Seguindo: A ideia de que um Homem de Verdade não pode ser vítima de abuso, oi que falar disso é vergonhoso.
Eu poderia usar este tempo para citar dezenas, talvez centenas, de exemplos de estudiosas feministas que por décadas têm minimizado ou escamoteado completamente a prevalência das vítimas masculinas de violência íntima conjugal. Eu poderia usar esse tempo para explicar como a notória especialista em violência sexual Mary Koss excluiu vítimas masculinas de coerção sexual feminina por definição ao longo de seu período como consultora no CDC 1. Eu poderia mostrar a vocês capturas de tela de milhares de comentários que li de feministas (e de outros) insistindo que abuso de mulheres contra homens é infinitamente menor, e que se não é, é "apenas diferente" porque não é tão ruim, não é potencialmente tão letal, ou não é tão sistêmico, ou não é tão institucionalizado ou não é tão suportado pelo patriarcado, ou apenas "porque sim". Eu poderia contar a vocês como Erin Pizzey foi forçada a fugir de sua casa e de seu país em razão de uma campanha de décadas de assédio feita por feministas, tudo isso por ousar dizer que mulheres às vezes são violentas também, e homens às vezes são vítimas, e de como esta mera ideia inflamou feministas militantes ao ponto de atirar bombas e ameaças de morte. Eu poderia detalhar as labutas de Murray Straus e seus bravos colegas que foram os primeiros a publicar pesquisas demonstrando simetria de gênero na violência afetiva conjugal, e nomeie que grupo foi que os colocou numa gama de abusos, evasão, boicote, ameaças, falsas acusações e sabotagem de carreira, mas eu não acho que vocês precisam de mim para isso.
Parece-me que dentro do paradigma feminista, homens não podem ser considerados vítimas reais de abuso, ou ao menos não podem ser vítimas merecedoras de igual consideração e preocupação, e falar de vítimas masculinas não é apenas vergonhoso em círculos feministas, mas também passível de punição. E se você coloca em xeque as suas atitudes de qualquer maneira real, bem, provavelmente você vai ser chamado de chorão, bebezão que vive no porão da mamãe e não consegue pegar mulher. Exatamente: não é homem de verdade.
Homens são assim: a expectativa que Homens de Verdade estão profundamente interessadas em sexo, querem fazer sexo, e estão prontos para fazer sexo a maior parte se não o tempo todo.
E aqui eu estou apenas citando a justificativa da feminista Mary Koss para excluir o envelopamento forçado da categoria de estupro na pesquisa do CDC:
"Apesar disso, homens algumas vezes penetram mulheres quando ambivalentes acerca de seus próprios desejos . . ."
Ambivalentes acerca de seus próprios desejos? Me parece muito que ela está dizendo "bem, eles quiseram, apenas não entendem que quiseram, mas eles de verdade quiseram . . ."
"Ainda que não tão reforçada na mídia ficcional, na vida real é esperado que o homem abandone sua namorada grávida, e seja incapaz ou indisposto a tomar responsabilidade".
Esta é interessante, dado que a função primária do casamento tradicional tem sempre sido identificar com precisão os pais das crianças, e manter estes pais responsáveis, financeira e praticamente, pelo apoio e bem-estar destes filhos e de suas mães.
Casamento na ponta do fuzil. Ele fará o que deve ser feito por ela.
Há então o fato que toda nossa estrutura legal e burocrática em volta de homens e família é sopesada a fim de atribuir e garantir a responsabilidade paternal. Mesmo sobre homens que não consentiram em ser pais - e, terrivelmente, mesmo em homens que não consentiram com o sexo que os levaram a ser pais, tal como aquele garoto de 14 anos nos EUA que foi estuprado por uma mulher de 35 (um crime pelo qual ela pagou dois anos de prisão) e então forçado a pagar a ela pensão alimentícia além de seu parco sustento.
A dura e estatisticamente suportada verdade é que mães sem custódia, ainda que menos numerosas no total, são mais propensas que pais sem custódia a estar em débito com pensão, e ao mesmo tempo são muito menos propensas a serem presas por não conseguir pagar.
E os juízes e legisladores responsáveis por tudo isso? Majoritariamente homens, progressistas ou conservadores, reforçando responsabilidades masculinas sobre outros homens. Eu não sei se vocês lembram do discurso de dia dos pais do Obama há alguns anos, onde ele recrimina pais negros por abandonarem seus filhos? Eu só estou surpresa que ele não estava vestindo uma camiseta "é assim que uma feminista parece" enquanto dizia isso.
A masculinidade que homens esperam uns dos outros, e a tem tido por milênios, é uma que rigidamente reforça responsabilidade paternal.
Se é assumido que homens tentarão esquivar-se desta responsabilidade, ela certamente não é permitida. Não pela sociedade, não por outros homens, e certamente não dentro das tradições patriarcais. De fato, Abdicação Paternal Legal - o direito de um homem recusar as obrigações da paternidade se ele não consentir em ser pai - é uma das mais fervorosamente atacadas mudanças de política sugeridas pelos defensores de direitos dos homens e meninos. É algo atacado pela vasta maioria de ambos conservadores tradicionais e feministas progressistas.
Enquanto isso, há centenas de milhares de pais ao longo do ocidente que estão financeiramente suportando seus filhos ao mesmo tempo que lhes é negado acesso razoável pelas suas mães com o tácito apoio de varas de família apáticas e desgraçadas.
E o que a maior organização feminista dos EUA, a National Organization for Women, tem a dizer sobre grupos de direitos dos pais?
Que eles são um lobby de abusadores, fazendo campanha por mais custódia efetiva e direitos de acesso não por amor aos seus filhos, nem por um senso de responsabilidade em provê-los de alimento e apoio, mas por um desejo de abusar e assediar suas parceiras afastadas, ou para livrar-se de pagar pensão.
Parece masculinidade tóxica para mim.
Enquanto isso, um estudo de 2008 da Indiana University reporta:
Contrário aos estereótipos de desempenho sexual e masculinidade, homens entrevistados em um grande estudo internacional reportaram que ser vistos como honoráveis, autossuficientes e respeitados era mais importante à sua ideia de masculinidade que serem vistos como atraentes, sexualmente ativos ou bem-sucedidos com mulheres.
Independente de idade ou nacionalidade, os homens mais frequentemente classificaram boa saúde, vida familiar harmoniosa e bons relacionamentos com suas esposas ou parceiras como mais importantes às suas qualidades de vida do que preocupações materiais, auto-realizadoras ou puramente sexuais.
Começo a notar um padrão aqui.
Mas vocês sabem, eu quero ir uma ou três camadas mais a fundo que feministas costumam ir em minha discussão de normas tóxicas de gênero, porque claramente, como eu exibi acima, estas garotas não pensaram verdadeiramente tão a fundo nisso.
Afinal, se elas se opõem à masculinidade tóxica porque "o patriarcado também prejudica os homens", e querem mudar e desafiar as atitudes que rumam para ele, então elas provavelmente não estariam entre as piores ofensoras quando se trata de garantir, endorsar se normalizar tais coisas, estariam? Digo, pense nisso. Mesmo a Fox News concordaria que homens ficam numa posição de merda nas varas de família, e muito comumente perdem relacionamentos significativos com seus filhos por nenhuma boa razão. São somente feministas que alegam que homens que lutam pelos seus direitos de permanecerem como pais de seus filhos são provavelmente abusadores violentos ou apenas estão tentando evitar a sua apropriada responsabilidade paternal (a financeira) ao fingir interesse em um papel diário de cuidado.
Então, vamos mais a fundo, na bagunça das coisas. Indo um pouco mais, as causas tornam-se mais simples, mesmo enquanto os resultados tornam-se mais diversos.
O que feministas alegam são expectativas de que homens de verdade devem ser violentos, sem emoções e sexualmente agressivos, vamos observar isso em outros termos.
É esperado que homens sejam atores competentes. Violência é uma forma de ação. Agressão sexual (ou, na seção menos extrema do espectro, proceptividade sexual) é uma forma de ação. E controle emocional, apesar do que feministas te dirão sobre a maior inteligência emocional das mulheres, é uma forma de competência.
Eu sugeriria a todos aqui que, quando chegassem em casa, fizessem uma busca no Youtube. Uma boa pesquisa seria "heróis diários" ou "heróis da vida real". Existem diversas compilações por aí, todas elas com heróis fazendo coisas grandes ou pequenas, arriscadas ou apenas sérias, para ajudar pessoas que eles sequer conhecem. Em uma cena que eu lembro, uma mulher idosa está diante de uma nevasca esperando para atravessar uma rua movimentada na Europa Oriental. Um homem para seu carro no meio da estrada a fim de parar o trânsito, liga os pisca-alerta, sai do carro e a ajuda a atravessar. Em outra cena, um homem esperando pelo metrô passa em falso e cai nos trilhos. Dezenas de mulheres na plataforma freneticamente começam a sinalizar o trem, mas foi um homem quem saltou aos trilhos. E foi outro homem quem ajudou a puxar o camarada inconsciente e o outro cara de volta antes que o trem chegasse. Em outra cena, um motociclista está preso a um carro em chamas. A maior parte dos homens que por ali passavam correm e empurram o veículo enquanto o puxam em segurança. Em outro, um caminhão está obstruindo uma passagem de trilhos de trem, e um homem empurra o veículo em segurança, evitando por um triz de ser atingido pelo trem.
É realmente maravilhoso quando você pensa sobre isso.
E uma coisa que você notará assistindo a esses vídeos. Quase sem exceção, vez após vez após vez aós vez, são homens que fazem essas coisas.
Cada um destes homens age, e eles são capazes de fazer isto porque eles têm controle sobre suas emoções. Eles põem de lado, seja deliberadamente ou não, seus pânicos, suas dúvidas, seus medos, suas ansiedades, seus próprios desejos ou necessidades, e em muitos casos sua segurança, e eles agiram em serviço do bem comum.
Esta é a essência da identidade masculina em todas as culturas, ao longo de todos os tempos. A capacidade de dominar os próprios medos e dúvidas e de agir, seja para caçar um bandido, assassinar um rival, vingar a pessoa amada, correr num edifício em chamas ou saltar um rio turbulento para salvar um estranho, ficar firme num campo de batalha, tomar responsabilidade pelo bem-estar de sua parceira.
Ou mesmo transformar seu próprio estupro em um troféu 2.
Eu vou utilizar o exemplo de um garoto de 11 anos que foi recentemente estuprado pela sua babá de então 20 anos 3. A perpetradora estava envolvida sexualmente com o pai do garoto, e sabia a idade do garoto. De alguma maneira, ela conseguiu convencer o juiz de que ela acreditava que o garoto tinha 15 anos.
E de alguma maneira, de alguma maneira, o testemunho do pai de que seu filho era um "tarado sexual" e viu o incidente como um troféu recebeu mais peso que o testemunho do próprio garoto que não gostou da experiência porque sabia que era errado.
A mulher recebeu uma sentença condicional. Isso mesmo, sem cadeia. Ela foi registrada como abusadora sexual, mas por apenas sete anos, e suas supervisões e restrições penais durarão por apenas dois anos.
Seu advogado de defesa disse o seguinte: ela estava vulnerável e teve uma criação difícil, passando dois anos num hospital com leucemia no período de cinco a sete anos. O juiz acrescentou que ela era bastante imatura, reduzindo a diferença de idade em termos de níveis relativos de desenvolvimento emocional.
Então as conclusões neste caso são como se segue:
- O garoto essencialmente quis, e não foi ferido por esse ato (não obstante pelo seu próprio testemunho ele não tenha gostado e acreditava ser algo errado)
- A mulher estava à mercê de suas próprias emoções as quais não se pode esperar que ela controle, porque as circunstâncias de sua vida foram difíceis.
- O garoto conseguiu convencê-la de que não tinha onze mas quinze anos, apesar do fato que ela sabia que o garoto tinha onze anos, e assim mesmo ela o pegou para si mesma
- Homens comentando sobre esse caso são muito mais propensos, quando comparados a mulheres, a dizer "Eu queria ter sido esse moleque" ou "bastardinho de sorte" ou qualquer espécie de outros sentimentos que apagam o fato que ele foi vítima de algo que ele não quis ou não escolheu
Existem bem poucos casos onde a diferença entre as suposições e expectativas da masculinidade e da feminilidade são tão claras quanto este.
Identidade masculina é centrada quase inteiramente em volta de percepções de agência (as próprias e as alheias).
Identidade feminina, por outro lado, é muito mais capaz de assumir a posição de "objeto" (e por favor deixe-me ser clara. Eu não estou usando a palavra "objeto" no sentido de desumanização. Existe um artigo muito bom que essencialmente descredita a ideia que objetificação necessariamente implica desumanização, e eu posso fornecer os links se alguém quiser depois que terminarmos aqui).
Para os fins dessa palestra, darei estas definições básicas:
Agentes fazem as coisas acontecerem. Objetos têm coisas acontecendo sobre eles.
Uma grande parte de nosso discurso cultural em volta de homens e mulheres (incluindo uma imensa parte do discurso feminista) é sobre as coisas que homens fazem para as mulheres e as coisas que mulheres sofrem nas mãos de homens, reforçando a posição de homens como agentes e mulheres como objetos.
Admitir que você foi vitimizado, que algo que você não quis, escolheu ou causou de alguma forma aconteceu com você, é muito mais fácil para mulheres que para homens, e é muito mais fácil para os outros aceitar e reconhecer quando se trata de mulheres que de homens, porque não entra em conflito com a percepção cultural ou interna do que é a Mulher.
Uma mulher pode ser vítima e ainda ser percebida como mulher. Um homem não pode ser vítima e permanecer homem aos olhos de outros e às vezes nem mesmo aos seus próprios olhos.
Isto é particularmente verdadeiro quando se trata de maneiras que homens são vulneráveis porque são homens. Eu sequer posso transmitir a vocês o tanto de vezes que eu consegui convencer um homem de que sim, homens são a maioria das vítimas de violência e que sim, não importa o gênero do perpetrador. a violência é mais corriqueiramente perpetrada contra homem que contra mulher, e que sim, este padrão começa desde um ano de idade, quando pais começam a bater em seus filhos duas ou três vezes o tanto que batem em suas filhas … apenas para que esse homem permanecesse firme em sua convicção e insistisse que violência é um problema maior para mulheres, e que a sociedade não leva isso a sério o suficiente. Que a VAWA 4 e os milhares de leitos em abrigos e as políticas mandatórias de detenção e todo o resto não vão longe o suficiente para lidar com o problema da violência contra a mulher. E eles geralmente dirão isso momentos após terem concedido que violência é um problema maior e mais ubíquo para homens, e mesmo quando eles aceitam que mulheres são tão propensas a serem violentas com homens da mesma forma que homens são propensos a serem violentos com mulheres.
Se a masculinidade tóxica é exemplificada pela suposição que homens não podem ser Homens de Verdade se são vítimas, então feminilidade tóxica é a suposição que mulheres são unicamente vítimas, e que suas identidades como mulheres são parcialmente definidas pela sua vitimização. Seu vitimismo nas mãos dos homens, nas mãos do patriarcado, nas mãos da indústria da beleza, nas mãos da cultura do estupro, nas mãos do privilégio masculino, nas mãos da masculinidade tóxica e nas mãos do sexismo institucionalizado. É a suposição que multitudes de estudos demonstrando que elas geralmente não são as únicas vítimas - que homens são igualmente propensos a serem vítimas de violência física e sexual, suposições sexistas, estereótipos negativos e expectativas rígidas de gênero impostas sobre eles por toda a sociedade, incluindo progressistas e feministas - que estes estudos, eles estão errados, são falsos ou "problemáticos".
Não posso começar a contar a vocês o tanto de vezes que eu realmente convenci um homem negro que "dirigir como negro" na realidade é "dirigir como negro e homem", e que provavelmente isso não aconteceria a sua mãe ou irmã, apenas para vê-lo insistir menos de um minuto depois que sua homenidade não é um fator em suas experiências de ser alvejado pela polícia, e que ele nunca sentiu-se discriminado por ser homem, e que mulheres negras ainda sofrem mais.
Tudo para não ser visto como vítima, ou como potencial vítima, porque você e homem, porque isso, meus amigos, significa que você não é um agente, e portanto não é um homem de verdade. São mulheres que são agidas. São mulheres que são objetos que não agem, mas em vez disso suportam os atos dos outros. Se mulheres são a classe vítima, então um homem que admite ser vítima não pode permanecer sendo homem.
E quando se trata de interações com o sexo oposto, esta tendência é ainda maior, por causa da irritante noção que mulheres não fazem coisas realmente, mas em vez disso têm coisas feitas para elas, enquanto homens são as causas últimas das coisas que acontecem.
O que poderia minar o senso de agência de um homem, que é tão central à sua identidade cultural, mais efetivamente do que ser estuprado por um "objeto"? Muito melhor tratar este estupro como uma marca no cinto, e fingir celebração entre os amigos.
Você pode ver isso em relação à violência física também. Um homem bate numa mulher? Não existe desculpa alguma que possa sequer justificar isso. Não há nada que ela possa ter feito para merecer. Uma mulher bate num homem? "Hum, me pergunto o que será que ele fez para merecer? Aposto que estava traindo ela… Talvez estivesse flertando descaradamente 5 …" Todas essas ações nós atribuímos ele em nossos próprios pensamentos, meio que automaticamente, as quais transformarão a ação dela em uma reação a alguma ação inicial de sua parte. Nossa suposição instantânea é que sua violência foi provocada, ou auto-defensiva, ou mesmo devida a alguma outra coisa fora de seu controle, como TPM ou alguma desordem mental que seja, porque nós resistiremos a vê-la como agente em quem um desejo de agir pode ser originado e então executado.
E nossa suposição acerca do homem vitimizado é que ele escolheu ou causou o que aconteceu de alguma forma (ou no mínimo ele poderia ter tomado alguma ação e interrompido o que aconteceu). Ele continua sendo agente nesse cenário.
Então vamos voltar e ver o que podemos discernir de feminilidade tóxica em algum item da lista de normas toxicamente masculinas de "geek feminism", vamos?
Primeiro: A ideia percolante de interações masculino-feminino como competições e não cooperações.
O que o feminismo tem sido além de demanda por parte de uma minoria de mulheres de eliminar a cooperação masculino-feminino e redefinir homens e mulheres como times opostos? Redefinir casamento como uma instituição projetada para explorar mulheres em benefício dos homens? Redefinir os sexos como se fossem nações em guerra. As primeiras suspeitas dessa visão de mundo podem ser encontradas na Declaração de Sentimentos, e elas alongam-se ainda mais no constante lamento feminista sobre disparidades salariais e a falta de representação feminina em Ciência e Tecnologia ou em conselhos corporativos.
Esta suposição não é uma norma patriarcal. É uma norma feminista. Não é masculinidade tóxica, é feminilidade tóxica.
Ou esta aqui: "Ainda que não tão reforçada na mídia ficcional, na vida real é esperado que o homem abandone sua namorada grávida, e seja incapaz ou indisposto a tomar responsabilidade".
Masculinidade tradicional foi construída largamente para manter o homem responsável pelas crias que eles ajudaram a conceber. De fato, isto foi parte do que poderia ser considerado uma tradição de honra masculina, socialmente construída e institucionalmente reforçada pelos próprios homens. Se temos alguma feminista no recinto, eu gostaria de lhes perguntar: vocês concordam com pensão alimentícia legalmente obrigatória? Vocês acham que homens devem ser mantidos legalmente responsáveis pelos filhos que não concordaram em criar porque eles deram seu consentimento às obrigações da paternidade quando fizeram sexo?
Mais que isso: e quanto às mulheres? "Se ela não quer ter filhos, então que mantenha as pernas fechadas". Isto é algo aceitável ou apropriado de se dizer? Então, por que é aceitável ou apropriado para as pessoas, incluindo muitas e muitas feministas com as quais eu conversei, dizer "ele fez sua escolha no momento em que fez sexo"?
Para as mulheres, largamente em razão da militância feminista, sexo e reprodução foram desacoplados. Ao passo que existe tal coisa como gravidez acidental, não existe tal coisa como nascimento acidental, nem maternidade acidental, dado que mesmo após o nascimento a mulher tem um direito de jure e de facto de abdicar desta obrigação. Maternidade não é o resultado de um acidente, e certamente não é algo que homens fazem a mulheres mediante o massivo poder patriarcal de suas ejaculações - não neste dia e era. É o resultado de uma série de decisões unilaterais por parte de qualquer mulher em particular. Nenhuma mulher no ocidente é forçada a consentir em tornar-se mãe apenas porque fez sexo.
Ainda assim feministas apenas codificaram ainda mais a norma patriarcal de que homens devem ser responsabilizados pelos filhos que ajudaram a conceber, independente do fato que hoje em dia mulheres detêm o poder unilateral de decisão sobre se tornarão mães ou não.
Quando eu falo de Abdicação Paternal Legal, a impressão que eu tenho das feministas é que uma única decisão e ação do homem - a de ejacular - é para elas tão poderosa, se não mais poderosa, que a inteira gama de decisões reprodutivas autônomas da mulher.
Ele a engravidou - ele "a fez ficar" grávida. E o bebê? Bem, o bebê apenas "aconteceu".
Novamente, nós forçamos ao homem o papel de agente ativo que pode afetar aqueles em sua volta, e mulheres ao papel de objeto passivo debaixo da misericórdia de forças externas. E se um aborto é mais difícil ou custoso de se obter que um corte de cabelo? Bem, ela é a vítima disso, não é?
Nós atribuímos a ele agência, mesmo quando ele não tem, e o mantemos responsável, ainda assim apesar de todo o poder que ela detém, ela ainda é a vítima.
Pois bem. Aqui nós meio que chegamos num ciclo completo. Se muito da "masculinidade tóxica" é baseada na suposição de que homens são agentes, muito da "feminilidade tóxica" é baseada na suposição de que mulheres são objetos sobre os quais se age, e portanto unicamente vítimas.
E aqui é que as coisas ficam pegajosas, porque como certa vez disse Warren Farrell, "a maior fraqueza do homem é sua fachada de força, e a maior forma da mulher é sua fachada de fraqueza".
Então por quê? Por que tem que ser assim? Por que vemos homens e mulheres dessa forma? Por que homens evitam serem vistos como vítimas (pelo menos em termos de vítimas como homens) enquanto mulheres progressivamente parecem revelar uma identidade mergulhada em como elas são alvos de ação?
Bem, na minha opinião, é pela mesma razão que sociedades sempre seguiram seu caminho para preservar vidas de mulheres e crianças, por vezes às custas das vidas dos homens.
Uma feminista recentemente perguntou na seção de comentários de outro vídeo feminista: por que mulheres estão resfriadas o tempo todo? Por que o ar condicionado me deixa tiritando enquanto meu marido está tudo bem?
A resposta é que no período mais intenso da evolução humana - a era de gelo, o Pleistoceno -, um período onde meia dúzia de outras espécies hominídeas foram extintas, mulheres compartilhavam seu ambiente imediato, incluindo perigos e confortos, com seus filhos muito mais vulneráveis. Mulheres podem sobreviver ao frio com tanta facilidade quanto os homens, mas elas são mais sensíveis a ele porque seus filhos não conseguem. Ser sensível ao frio significa que estas mulheres estavam alertas ao risco do frio para suas crianças, que eram mais vulneráveis. Isto aumentou a chance de sobrevivência destas crianças.
Por outro lado, era esperado de homens arriscar-se campo afora em todo tipo de clima a fim de trazer comida. Para homens nesse período, ser insensível ao frio aumentou suas chances de sobrevivência para seus filhos.
Isto é apenas o como homens e mulheres evoluíram. Nós evoluímos em tandem. Evoluímos em papéis que refletem uma divisão do trabalho.
O trechinho de Shakespeare que eu citei no começo é um exemplo arquetípico literário de feminilidade tóxica. Uma mulher, sedenta por poder e status além do seu próprio, incita seu marido a matar o rei. Ela o incita minando sua masculinidade. Ela o incita mediante avilte, mediante vergonha. Ela o incita revogando seu "cartão de homem". Ao fim, ela o incita dizendo-lhe que ela é mais homem que ele, mais honrosa em suas promessas, e mais disposta a sacrificar algo caro a ela a fim de preservar esta honra.
Shakespeare conhecia homens e mulheres pelo menos tão bem, apesar de que eu tenho me pego pensando se sua ideia de lady Macbeth era um tanto otimista. Mais tarde na peça, enlouquecida pela culpa sobre seu papel na morte de King Duncan, ela comete suicídio. Eu sempre me perguntei se um final alternativo, como se fosse fanfic, poderia ter um final mais realista – um onde ela não sente culpa, e onde, parada diante de um campo de mortos, seu próprio marido entre eles, ela se agarra ao homem mais poderoso nas proximidades e o regala com histórias de como Macbeth foi um marido cruel e depravado sem amor no coração.
Por que eu pensaria que Lady Macbeth faria isso? Porque ela pode, uai.
1 META
- Autor: Karen Straughan AKA GirlWritesWhat
- Link: https://owningyourshit.blogspot.com/2016/01/transcript-of-my-talk-at-simon-fraser.html
- Arquivo: http://archive.is/97LTM
Footnotes:
Center of Disease Control
No original, "a notch on his belt", algo como "um entalhe em seu cinto", como se fosse uma marca de alguma grande realização.
provavelmente Karen está aqui falando do caso Hermesmann contra Seyer, Suprema Corte do Kansas, 1993
Violence Against Women Act, o equivalente americano à nossa lei 11.340
No original, "get fresh". Do Urban Dictionary:
O ato de um homem ou mulher (geralmente usado quando descrevendo um cara) faz (ou tenta fazer) avanços dissimulados no sentido do objeto de sua afeição, tipicamente para sexo ilícito posterior, ou para 'testar o clima' oara futuros avanços, tipicamente físicos em natureza.
Created: 2020-06-07 Sun 03:26